O teatro poético e a poesia dramática dão as mãos ao caminhar. Quem conta
isso com brilho nos olhos é Telma Scherer, ministrante da oficina do Café
Literário, que ocorreu na segunda-feira (20 de março), na Livrarias Curitiba, em
Joinville.
Aos participantes, Telma proporcionou uma tarde serena, falando sobre o
teatro do absurdo, explicando o que é a poesia e dando abertura para que todos
pudessem opinar.
Natural de Lageado, Rio Grande do Sul, distante 150 quilômetros de Porto
Alegre, a gaúcha de sotaque mastigado quer mostrar que o teatro e a poesia estão
muito ligados, muito mais próximos do que costumamos aprender. Para isso,
relaciona autores de teatro e poesia, propondo reflexões aos aprendizes.
“A poesia é a descoberta de coisas que eu nunca vi”, já disse Oswald de
Andrade. Com frases e textos de autores reconhecidos, Telma entrelaça poesia,
drama, teatro e emoção. A turma de 17 pessoas ouvia, atentamente, a tudo que
Telma, sorridente, dizia.
Por fim, ela propôs um exercício. Pediu que todos analisassem uma obra de
Salvador Dali para discutir, e quem quisesse, poderia escrever um texto
descritivo. Alguns desinibidos leram suas produções, surreais, dramáticas, ou
não. Para Telma, o importante é criar, escrever, se soltar. A intenção foi
cumprida: barreiras entre teatro e poesia foram quebradas. Barreiras, quebradas.
Trilhando novos rumos
Telma está com 26 anos e procurando caminhos para seguir. Saiu de Lageado
para cursar filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em
2000. Logo após colar grau, iniciou mestrado na mesma universidade, em
literatura comparada.
Mudou-se para Florianópolis para cursar o doutorado de filosofia da
literatura, na UFSC. Depois de um ano, Telma cancelou a matrícula. Não procurava
o que encontrou.
Está participando do Projeto Café Literário do Sesc e passará por Jaraguá do
Sul e Blumenau, além de Joinville. E faz outros trabalhos assim, como esse.
“A poesia é muito libertária.” Ela pensaa que existe sim, um esforço político
para que a poesia não chegue às pessoas. A poesia, na opinião de Telma,
permanece num circuito marginal porque faz refletir.
Telma publicou o livro “Desconjuntos” em 2002, pela Editora Instituto
Estadual do Livro, de Porto Alegre. Uma solução para plantar suas sementes e
disseminar sua poesia é participar de concursos públicos. Está pensando em uma
nova publicação. Mas o que lhe apetece é o fator político-social. O que lhe
apetece são barreiras, quebradas.