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Matéria 1822, publicada em 21/03/2006.


:Bruna Nicolao

Telma desmistifica a poesia

Telma Scherer defende aproximação do teatro e da poesia

Pollyanna Niehues


O teatro poético e a poesia dramática dão as mãos ao caminhar. Quem conta isso com brilho nos olhos é Telma Scherer, ministrante da oficina do Café Literário, que ocorreu na segunda-feira (20 de março), na Livrarias Curitiba, em Joinville.

Aos participantes, Telma proporcionou uma tarde serena, falando sobre o teatro do absurdo, explicando o que é a poesia e dando abertura para que todos pudessem opinar.

Natural de Lageado, Rio Grande do Sul, distante 150 quilômetros de Porto Alegre, a gaúcha de sotaque mastigado quer mostrar que o teatro e a poesia estão muito ligados, muito mais próximos do que costumamos aprender. Para isso, relaciona autores de teatro e poesia, propondo reflexões aos aprendizes.

“A poesia é a descoberta de coisas que eu nunca vi”, já disse Oswald de Andrade. Com frases e textos de autores reconhecidos, Telma entrelaça poesia, drama, teatro e emoção. A turma de 17 pessoas ouvia, atentamente, a tudo que Telma, sorridente, dizia.

Por fim, ela propôs um exercício. Pediu que todos analisassem uma obra de Salvador Dali para discutir, e quem quisesse, poderia escrever um texto descritivo. Alguns desinibidos leram suas produções, surreais, dramáticas, ou não. Para Telma, o importante é criar, escrever, se soltar. A intenção foi cumprida: barreiras entre teatro e poesia foram quebradas. Barreiras, quebradas.

Trilhando novos rumos

Telma está com 26 anos e procurando caminhos para seguir. Saiu de Lageado para cursar filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2000. Logo após colar grau, iniciou mestrado na mesma universidade, em literatura comparada.

Mudou-se para Florianópolis para cursar o doutorado de filosofia da literatura, na UFSC. Depois de um ano, Telma cancelou a matrícula. Não procurava o que encontrou.

Está participando do Projeto Café Literário do Sesc e passará por Jaraguá do Sul e Blumenau, além de Joinville. E faz outros trabalhos assim, como esse.

“A poesia é muito libertária.” Ela pensaa que existe sim, um esforço político para que a poesia não chegue às pessoas. A poesia, na opinião de Telma, permanece num circuito marginal porque faz refletir.

Telma publicou o livro “Desconjuntos” em 2002, pela Editora Instituto Estadual do Livro, de Porto Alegre. Uma solução para plantar suas sementes e disseminar sua poesia é participar de concursos públicos. Está pensando em uma nova publicação. Mas o que lhe apetece é o fator político-social. O que lhe apetece são barreiras, quebradas.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.