Altamente engajado em tantos processos — congressos, grupos e seminários —
quanto possível, o professor Juciano Lacerda à casa torna, depois de
praticamente cinco meses em Barcelona, Espanha. Em busca da metodologia e teoria
necessária para seu doutorado — um estudo de recepção das formas de uso e
apropriação dos telecentros por comunidades de bairro —, Juciano fez um estágio
internacional e terminará suas pesquisas no Brasil.
Em Barcelona, pesquisou os telecentros (centros públicos de acesso gratuito à
internet e recursos informáticos) pioneiros no distrito de Cidade Velha, sob a
orientação da professora Amparo Huertas, da Universidade Autônoma de Barcelona
(UAB). Era ela quem lhe ajudava nas experiências até saber que tipo de
entrevista fazer com os usuários ao voltar ao Brasil.
O tema da tese de Juciano é “Usos e apropriações comunicacionais que os moradores de
bairros fazem dos telecentros em Porto Alegre”. Para isso, acompanhou nove dos 15
telecentros da cidade de Barcelona. Dos nove selecionou qualitativamente três de
Cidade Velha para o estudo de caso e a partir de agora poderá compará-los com os
da capital gaúcha.
Juciano apresentou um projeto para a Capes, dentro do projeto de Cooperação
Internacional Brasil/Espanha e conta como conseguiu a bolsa:
“Realizei estágio doutoral internacional na Universidade Autônoma de
Barcelona, com bolsa financiada pela Capes, dentro do projeto de pesquisa ‘Mídia
e interculturalidade: estudo das estratégias de midiatização das migrações
contemporâneas nos contextos brasileiro e espanhol’, financiado pelo Programa de
Cooperação Internacional Capes/MECD e desenvolvido pelos grupos de Pesquisa
Mídia e Multiculturalismo, da Unisinos, Migracom, da UAB, e Processos
Comunicacionais, também da Unisinos, ao qual o pesquisador está vinculado”.
O professor recebia bolsa de 1.100 euros por mês, equivalentes a R$ 2.600,00.
Ele conta que um trabalhador legalizado, recebe de 800 a 1.000 euros mensais. Mas o apoio que teve do
Ielusc foi determinante. Ganhava metade de seu salário, a chamada capacitação
docente, que o ajudou a se sustentar. Em contrapartida, deverá permanecer, no
mínimo, dois anos na instituição para retribuir o conhecimento adquirido.
Nesta sexta-feira (17 de março), lançará um livro no Santander Cultural, em Porto Alegre,
pela Editora Sulina. Dentro da Unisinos, Juciano faz parte de um grupo que
estuda processos comunicacionais e leva o nome de Processocom. O livro,
intitulado “Metodologias de pesquisa e comunicação: Olhares, trilhas e
processos”, também será lançado no Ielusc, provavelmente neste semestre. A
professora Delia Dutra, do Ielusc, faz parte do mesmo grupo e tem um capítulo
neste livro.
Participou do congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Comunicação e
da Jornada Internacional de Jornalismo, em Portugal. Na Espanha, esteve no
Congresso Nacional de Periodismo Digital. Nesses eventos, apresentou artigos que
havia produzido anteriormente. O texto do congresso de periodismo digital foi
escrito lá.
A pesquisa bibliográfica foi feita na AUB. Uma universidade moderna e bem estruturada
que cobra valores de matrículas mesmo sendo pública (apenas mais baratas do que
as universidades particulares). Juciano conta que se inscreveu
como professor visitante e pôde usar a sala dos professores, com computador e
internet sem fio. Lembra, orgulhoso, que a biblioteca de comunicação conta com
mais de 80 mil livros de comunicação.
Ia duas ou três vezes por semana à universidade, para pesquisa, orientação e
reuniões. Era o membro da coordenação de tecnologia da Apec (Associação de
Pesquisadores e Estudantes Brasileiros na Catalunha). A Apec promove um
seminário por ano e em cada seminário publica um livro. O tema do seminário é
“imigração e território” e nesse livro Juciano também publicará um artigo.
Sobrou tempo para o professor do Ielusc conhecer Paris, Roma, Toulon e Madrid. Ele comprou 47 livros em
espanhol, já que não estão disponíveis em português.
Juciano viajou em 17 de outubro do ano passado e aterrissou em terras
brasileiras em 6 de março. Com a intenção de defender sua tese no primeiro
semestre de 2007, faz viagens mensais à Unisinos para encontros com o orientador.