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Matéria 1803, publicada em 16/03/2006.


Pesquisador investiga inclusão digital

Pollyanna Niehues

Altamente engajado em tantos processos — congressos, grupos e seminários — quanto possível, o professor Juciano Lacerda à casa torna, depois de praticamente cinco meses em Barcelona, Espanha. Em busca da metodologia e teoria necessária para seu doutorado — um estudo de recepção das formas de uso e apropriação dos telecentros por comunidades de bairro —, Juciano fez um estágio internacional e terminará suas pesquisas no Brasil.

Em Barcelona, pesquisou os telecentros (centros públicos de acesso gratuito à internet e recursos informáticos) pioneiros no distrito de Cidade Velha, sob a orientação da professora Amparo Huertas, da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Era ela quem lhe ajudava nas experiências até saber que tipo de entrevista fazer com os usuários ao voltar ao Brasil.

O tema da tese de Juciano é “Usos e apropriações comunicacionais que os moradores de bairros fazem dos telecentros em Porto Alegre”. Para isso, acompanhou nove dos 15 telecentros da cidade de Barcelona. Dos nove selecionou qualitativamente três de Cidade Velha para o estudo de caso e a partir de agora poderá compará-los com os da capital gaúcha.

Juciano apresentou um projeto para a Capes, dentro do projeto de Cooperação Internacional Brasil/Espanha e conta como conseguiu a bolsa:

“Realizei estágio doutoral internacional na Universidade Autônoma de Barcelona, com bolsa financiada pela Capes, dentro do projeto de pesquisa ‘Mídia e interculturalidade: estudo das estratégias de midiatização das migrações contemporâneas nos contextos brasileiro e espanhol’, financiado pelo Programa de Cooperação Internacional Capes/MECD e desenvolvido pelos grupos de Pesquisa Mídia e Multiculturalismo, da Unisinos, Migracom, da UAB, e Processos Comunicacionais, também da Unisinos, ao qual o pesquisador está vinculado”.

O professor recebia bolsa de 1.100 euros por mês, equivalentes a R$ 2.600,00. Ele conta que um trabalhador legalizado, recebe de 800 a 1.000 euros mensais. Mas o apoio que teve do Ielusc foi determinante. Ganhava metade de seu salário, a chamada capacitação docente, que o ajudou a se sustentar. Em contrapartida, deverá permanecer, no mínimo, dois anos na instituição para retribuir o conhecimento adquirido.

Nesta sexta-feira (17 de março), lançará um livro no Santander Cultural, em Porto Alegre, pela Editora Sulina. Dentro da Unisinos, Juciano faz parte de um grupo que estuda processos comunicacionais e leva o nome de Processocom. O livro, intitulado “Metodologias de pesquisa e comunicação: Olhares, trilhas e processos”, também será lançado no Ielusc, provavelmente neste semestre. A professora Delia Dutra, do Ielusc, faz parte do mesmo grupo e tem um capítulo neste livro.

Participou do congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Comunicação e da Jornada Internacional de Jornalismo, em Portugal. Na Espanha, esteve no Congresso Nacional de Periodismo Digital. Nesses eventos, apresentou artigos que havia produzido anteriormente. O texto do congresso de periodismo digital foi escrito lá.

A pesquisa bibliográfica foi feita na AUB. Uma universidade moderna e bem estruturada que cobra valores de matrículas mesmo sendo pública (apenas mais baratas do que as universidades particulares). Juciano conta que se inscreveu como professor visitante e pôde usar a sala dos professores, com computador e internet sem fio. Lembra, orgulhoso, que a biblioteca de comunicação conta com mais de 80 mil livros de comunicação.

Ia duas ou três vezes por semana à universidade, para pesquisa, orientação e reuniões. Era o membro da coordenação de tecnologia da Apec (Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros na Catalunha). A Apec promove um seminário por ano e em cada seminário publica um livro. O tema do seminário é “imigração e território” e nesse livro Juciano também publicará um artigo.

Sobrou tempo para o professor do Ielusc conhecer Paris, Roma, Toulon e Madrid. Ele comprou 47 livros em espanhol, já que não estão disponíveis em português.

Juciano viajou em 17 de outubro do ano passado e aterrissou em terras brasileiras em 6 de março. Com a intenção de defender sua tese no primeiro semestre de 2007, faz viagens mensais à Unisinos para encontros com o orientador.

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