Revi Bom Jesus/Ielusc

>>  Joinville - Quinta-feira, 21 de novembro de 2024 - 17h11min   <<


chamadas

Matéria 1668, publicada em 30/11/2005.


:Carolina Burg

Obra inacaba já apresenta pichações

Faltam poucos tijolos para o fim da promessa

Carolina Burg


Até fevereiro de 2006 uma das mais aguardadas obras do estado na área da saúde deverá estar concluída. Essa, pelo menos, é a garantia dada pelo diretor geral da Secretaria de Estado da Saúde, Hercílio Rohrbacher. A inauguração do Hospital Materno Infantil de Joinville colocará um ponto final numa espera de sete anos. Idealizado para ser o Centro de Referência Infantil de Santa Catarina, o empreendimento já consumiu R$ 40 milhões dos cofres públicos - quantia - no entanto insuficiente para seu término.

Por diversas vezes membros do Legislativo discutiram a viabilidade da construção, custando a aprová-la. “Na época, 1998, diziam que ela não era necessária por não haver superlotação nos hospitais em funcionamento”, ressalta o vereador Adilson Mariano (PT). Hoje, todo atendimento público a crianças é realizado no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. A ala pediátrica do outro hospital público, o São José, encontra-se em reforma há mais de quatro meses. A superlotação ainda não acontece, pois apenas 55,71% dos leitos estão ocupados. Mas casos que requerem especialização por serem mais graves não têm condições de serem atendidos na cidade. Geralmente são encaminhados ao Pequeno Príncipe, hospital-referência no Paraná.

A situação da obra vem sendo questionada em audiências na Câmara de Vereadores, em reuniões da Associação de Moradores do Bairro América, com apoio do vereador Maurício Peixer (PSDB) e através de manifestações de quem reside próximo ao Hospital Materno Infantil. A associação de moradores deseja que a promessa saia do papel, embora seus representantes salientem dificuldades, pois é necessário que se façam alterações também no Plano Diretor. Este documento oficial prevê a lei sobre o uso e ocupação do solo, garantida pela lei complementar nº 27, de 1996. A legislação delimita, por exemplo, as regiões classificadas como Zona Residencial Exclusiva Unifamiliar (Zr1).

O futuro complexo hospitalar, como está sendo chamado, localiza-se em Zr1, ao norte da cidade. Porém, como foi concebido intramuros, prevê em seu interior todos os tipos de serviços necessários ao atendimento de usuários. Como o terreno já era utilizado para fins comerciais, moradores não se opuseram porque, em tese, a região não sofreria desvalorização ou mudança no status.

O que ocorre hoje, segundo Gabriela M. L. Braga, secretária da Associação de Moradores e Amigos do Bairro América, é uma pressão de interesses particulares por parte dos proprietários dos imóveis da Rua Araranguá e Macaé, ao redor do complexo. “Naturalmente, a partir do momento em que a rua passa a permitir serviços e comércio, o valor dos imóveis aumentará”, comenta Gabriela. A posição da associação não é ser contra esses moradores, esclarece ela. No entanto, como não a associação defende o individual é contra a mudança de zoneamento pelo impacto que a alteração pode causar às ruas vizinhas.

Complexo terá 23.000 m² e 180 leitos

O novo complexo hospitalar Jesser Amarante Farias terá 23 mil metros quadrados e 180 leitos disponíveis para internação. As licitações para equipamentos já foram homologadas e o Deinfra (Departamento Estadual de Infra-Estrutura) está cuidando da concorrência pública para as licitações civis, ou seja, referentes à administração e organização do hospital. Conforme Hercílio Rohrbacher, a idéia é instituir uma organização social para conduzir a administração do hospital. Essa entidade civil atuará junto ao governo do estado, o qual efetuará repasses de valores numa tentativa de garantir atendimento de qualidade. Entretanto, o vereador Adilson Mariano acredita que desta forma, o estado está pretendendo privatizar o hospital, pois não quer realizar concurso público. Em contrapartida, Hercílio assegura que esse tipo de administração é uma forma de baratear o serviço e tem dado certo em vários estados. Um exemplo é o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo que terceirizou várias áreas do hospital como alimentação, administração e lavanderia. Seguramente o hospital será de alta complexidade, afirma Hercílio, e o espaço terá atendimento nas áreas de ginecologia, gestação de alto risco, UTI neonatal, unidade intensiva, e atendimento a crianças até 18 anos, além da Central de Regulação de Ambulâncias.

Novo sistema de atendimento a emergências


A partir de 13 de dezembro deste ano atuará no Hospital Materno Infantil a nova Central de Regulação de ambulâncias. O atendimento a acidentes e urgências passará a ser feito pelo Samu (Sistema de Atendimento Móvel de Urgência). Com o sistema, as regiões norte e nordeste do estado terão um serviço que atenderá em menor tempo-resposta e fluxo de atendimento mais organizado. A região terá três ambulâncias-UTI e 11 ambulâncias de suporte básico, além de médicos, enfermeiros e motoristas-socorristas em plantão 24 horas. O Samu vai trabalhar para definir melhor o encaminhamento de cada emergência, contando com o apoio do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Rodoviária. A Central de Regulação será mantida pelo Governo do estado e Ministério da Saúde por meio de um investimento de R$ 21 milhões por ano.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.