Altos índices de sons e ruídos – tráfego de veículos, buzinas de trem, fone de ouvido, maquinário fabril, fontes de barulho, como a furadeira do marceneiro, cachorro e ensaios de banda de garagem - caracterizam poluição sonora. Certamente uma das principais causas relacionadas aos problemas auditivos está na poluição, ou seja, no exagero do volume ou na sua falta de controle. Somente em Joinville, a Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente) registra em média 200 denúncias por mês. O índice mais incômodo é o sonoro, confirma a coordenadora geral de fiscalização da Fundema, Célia Maria Ramos. A intensidade do som é medida em dB (decibel) indicando o fluxo da potência acústica sobre uma dada área. Quanto maior a intensidade, maior amplitude, que chamamos popularmente de "volume". Problemas de audição começam a acontecer por ruídos acima do nível da conversa.
Os níveis mudam de acordo com a região e o horário. À noite a tolerância é menor. No centro da cidade, das 20 horas às 6 da manhã é de 60 dB e 65 dB durante o dia. Em áreas residenciais o nível é mais baixo, 50 dB e 55 dB respectivamente. As áreas industriais exigem maior nível, por isso, toleram até 75 dB durante o dia. Quando o nível alcança 85 dB é preciso ter mais atenção quanto à fiscalização, pois a exposição contínua pode causar a perda da audição.
Todo trabalho de controle dos índices sonoros exige um procedimento inicial de medição. Constatada alguma irregularidade notifica-se por escrito o responsável e, caso haja reincidência, aplica-se multa, interdição ou fechamento do estabelecimento. Para empresas é dado um prazo de adequação e uma nova fiscalização é agendada.
A cidade tem várias empresas que cometem excessos, entretanto, residências são as mais abusivas. Durante a noite, o maior problema ainda está no entorno das boates, em frente a hospitais, hotéis e ruas da cidade, de norte a sul. Todos locais de bailes e shows da cidade têm acústica inadequada, por isso, a Fundema em conjunto com outros órgãos como, Polícia Militar, Seinfra, Crea, Vigilância Sanitária, Conurb, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros realizam durante a noite uma força tarefa. "Para atender ao público todos os estabelecimentos terão de estar adequados às regras dos fiscalizadores", afirma Célia.
Um dos trabalhos da Fundema é executar e orientar medidas de controle da poluição ambiental. Diariamente, a instituição recebe cerca de 30 denúncias envolvendo o ar, o som, o visual, o solo e a água. O trabalho é realizado em sua grande maioria a partir de denúncias. Qualquer cidadão pode registrar queixas ligando para 0800-6437788. O setor de educação ambiental da fundação leva à população joinvilense - escolas e associações de moradores - campanhas de conscientização assim como mantém programas informativos nas rádios.
Nível aproximado de decibéis de alguns sons comuns
* Respiração - 10 decibéis * Sussurro - 20 decibéis * Conversa - 60 decibéis * Hora do rush - 80 decibéis * Liquidificador - 90 decibéis * Trem em movimento - 100 decibéis * Motosserra - 110 decibéis * Avião a jato - 120 decibéis * Tiro - 140 decibéis
Fonte: Revista Despertai!
|
Cuidado com os problemas auditivos
Já diz o ditado popular: o pior surdo é aquele que não quer ouvir. Na prática, analisando nossa capacidade auditiva, o pior surdo é aquele que não sabe ouvir. Especialistas do mundo todo alertam a população para os cuidados com a perda de audição. Problemas congênitos, infecção, velhice, pancada no ouvido, excesso de ruído, poluição sonora e até mesmo a alimentação inadequada podem levar à surdez. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que cerca de 120 milhões de pessoas no mundo sofrem com a perda auditiva, principalmente devido aos ruídos causados pela poluição sonora. O otorrinolaringologista Rodrigo Fernando Ferreira lembra que o nível máximo de exposição, para que os ruídos não afetem nossa capacidade auditiva, é de aproximadamente 80 decibéis (dB). “Quanto maior o tempo de exposição a um som superior de 80 dB, maior será a perda da audição”, alerta. Testes compravam que o som começa a provocar dores a partir de 120 dB.
A alimentação também pode acelerar a perda auditiva. Pessoas que ingerem açúcar, sal e gorduras exageradamente, podem até se livrar de um problema cardiovascular, mas terão grandes chances de perder mais cedo a audição. Fumantes têm um risco 70% maior de apresentar perda auditiva do que os não fumantes. Para entender como os sons podem prejudicar a adição, saiba como funciona o sistema do ouvido humano.
O funcionamento do ouvido
As ondas sonoras são captadas através do canal auditivo. O formato da cartilagem presente no ouvido externo, chamada aurícula, ajuda a amplificar o som até sua chegada ao tímpano. Nesse instante, as vibrações mecânicas das ondas sonoras fazem o tímpano vibrar. A movimentação é transmitida para os três ossículos auditivos, que levam as vibrações até a estrutura do ouvido interno, onde se encontra a cóclea. Na cóclea estão localizadas as células ciliadas, que transformam o som em estímulos elétricos, seguindo através do nervo até as estruturas do cérebro, onde os impulsos são decodificados e interpretados como som.
“Desde uma rolha de cera no canal auditivo até uma infecção no tímpano. Qualquer mecanismo do ouvido que seja afetado por alguma lesão pode causar a perda auditiva”, explica Fernandes. Os barulhos e ruídos causados pela poluição sonora afetam diretamente a cóclea. As células ciliadas começam a sofrer com a exposição desses sons, e acabam se deformando ou parando de funcionar, levando o desenvolvimento de zumbidos e outros fatores relacionados à surdez.
Como prolongar sua audição
Nossa capacidade auditiva é um dom a ser preservado. Nesse sentido, vários cuidados devem ser tomados para evitar a perda auditiva ao longo da vida. A prevenção deve começar desde o nascimento. Joinville é uma das poucas cidades do Brasil a fazer o “teste do ouvidinho” em recém-nascidos. Caso seja diagnosticado algum problema auditivo, o tratamento começa de imediato, aumentando as chances de cura do bebê. Outro cuidado deve ser tomado antes de a criança entrar na escola. “O ideal é realizar um exame de audiometria na idade pré-escolar. Com isso é possível prevenir um bocado desses problemas de desenvolvimento escolar relacionados à perda auditiva”, ensina Fernandes.
Limpar o ouvido não significa manipular o canal auditivo. Muitas pessoas costumam usar o cotonete pensando estar fazendo a limpeza do ouvido, quando na verdade estão socando cera dentro do canal de audição. Outra lenda é o uso da prótese. Muitas pessoas preferem não ouvir a usar o aparelho auditivo. Segundo o otorrinolaringologista é preciso desmistificar esse conceito. “A prótese auditiva não deixa de ser como os óculos para a visão. É preciso vencer o preconceito. Hoje os aparelhos estão mais modernos e conseguem trazer uma melhora significativa”.