A dificuldade de encontrar emprego tem levado milhões de pessoas para o mercado de trabalho informal. Isto quer dizer, trabalhar por conta própria, sem registro, com amigos ou familiares, em casa ou nas ruas. O peso da informalidade chega a 40% da economia do País. Fazem parte desse mercado, por exemplo, os vendedores de cachorro-quente, pipoqueiros, artesãos, ambulantes, camelôs e hippies. Em recente pesquisa feita pelo IBGE, cerca de 14 milhões de brasileiros vivem na informalidade. Mais que toda a população de São Paulo. Sessenta e quatro porcento são homens com idade entre 18 e 39 anos e o nível de instrução é o primeiro grau incompleto.
Em Joinville, maior cidade do estado catarinense, a receita bruta de 2005 apresentou queda de 6,18% e a líquida 1,29% em comparação ao ano anterior. Dados da ACIJ (Associação Empresarial de Joinville) mostram que o comércio varejista sofreu redução de 4,2% no mês de agosto e demonstra decadência. No centro da cidade a situação é bastante característica. São trabalhadores organizados em associações, como a dos artesãos, empresários da informalidade, donos de box dos camelôs, ou ainda independentes, como os que ficam ao redor da estação central de transporte coletivo.
Núcleos empresariais joinvilenses afirmam que nos primeiros oito meses do ano, o mercado da cidade abriu 4.511 novos postos de trabalho. Comparado ao ano anterior, houve crescimento, mas ainda insuficiente para a demanda. Em janeiro de 2005, a receita obtida com ICMS transferido pela união diminuiu em 8% sobre o mesmo mês do ano anterior. Com base nos dados mais recentes, de 2003, o setor informal equivale a 13% do PIB nacional. Algo em torno de R$ 200 bilhões ao ano.
Todos os dias cidadãos comuns montam seus negócios. Em meio a tantas variedades, fica difícil circular sem ser abordado por algum comerciante. Para atrair o consumidor os dizeres são os mais variados possíveis. “Olha o milho quentinho”, diz Geraldo Bastos. “Maçã do amor”, clama dona Judite. Os que mais chamam atenção são vendedores de passe e asiáticos comercializando imitações de tênis de marca.
No mesmo espaço, a calçada do terminal abriga vendedores de alimentos, acessórios, roupas, tênis e passagens de ônibus. Além disso, têm os bares e lojas funcionando sob licença pública. Com apenas cinco reais é possível comprar cerca de meia dúzia de brincos e pulseiras na barraca do artesão Rico Medeiros. Ele afirma trabalhar todos os dias no mesmo lugar, faça chuva ou sol. “Tenho permissão da Conurb para ocupar 2m² e, como tenho proteção, monto minha loja em dias de chuva também”.