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Matéria 1575, publicada em 28/10/2005.


Cantinas dos campus Saguaçu e Central são bem distintas

Lygia Veny

Cantina - Campus centro

Cinco e quinze da tarde: - Fazendo comparação de preço?, pergunta a proprietária da cantina. - Não, apenas anotando os preços para uma matéria. Inclusive preciso falar com a senhora, respondo. - Quando eu tiver um tempinho eu falo com você. Pelas 19 horas, retruca. O cheiro de fritura confirmava a falta de tempo de Maria Aparecida do Nascimento, proprietária há quatro anos da cantina, em falar comigo. Mais uma rodada de pastel e coxinha estava para sair. Ex-funcionária da cantina do colégio, Cida, como é chamada, recebeu apoio da instituição para montar e dirigir o estabelecimento que foi terceirizado há quatro anos. Constituindo-se a maior em área das cantinas existentes nos dos dois campi, a do campus central tem 15 passos de comprimento por 15 de largura e comporta seis geladeiras, seis freezers, três estufas (uma fria e duas quentes), quatro fornos, um microondas, uma chapa e um fogão, sendo que parte do equipamento é da faculdade. O atendimento é feito das 7h30 às 21h30.

O lucro das vendas chega a R$ 400,00 por semana. Mas em alguns momentos o movimento caiu pela metade e a cantina teve prejuízos. Foi o que ocorreu após a transferência dos alunos de 5ª a 8ª série para o campus Saguaçu e com a abertura da panificadora Ricca, bem à frente da instituição. Todos os produtos expostos são vendidos, pois a maioria dos estudantes é formada por adolescentes e adultos. Porém existem crianças que fazem escolinha de futebol e outras atividades no colégio. Não há restrição na venda aos pequenos. No preparo de salgados fritos, o óleo é utilizado durante um dia. Se colocado pela manhã, no final do expediente ou na manhã seguinte o óleo é trocado. Caso ele exale cheiro de queimado é imediatamente substituído. A salada de frutas é feita pela manhã e trocadas no início ou final da tarde, dependendo o clima. Passado o prazo, as funcionárias reutilizam as frutas para fazer mousse ou levam para casa. Nada é desperdiçado. Até o óleo de cozinha é usado para fazer sabão. Um dos problemas no estabelecimento é a inadimplência, praticada na maioria pelos professores. Cida reclama que alguns deles não pagam a conta no dia estabelecido (último dia do mês). “Sei que os pagamentos no Ielusc são feitos no último dia do mês. Se esse dia cai na sexta-feira, eles só me pagam na segunda. E eu ainda tenho que ficar lembrando”, reclama a cantineira. Ela critica alguns professores que quando não têm dinheiro “marcam na conta”, mas quando recebem vão comer na padaria ou no shopping. Esse é o principal motivo que impede a venda de refeições. Quem quiser comer uma salada com frango, por exemplo, tem que pedir algum lanche, como o x-salada e alterar o prato.

A má exposição de preços e produtos é a principal reclamação dos usuários, que acusam não saber quando tem sopa, que produtos exatamente são vendidos, quando tem determinado salgado. Além disso, alguns preços não são claros, como o do sanduíche natural. Feito com pão integral, embalado no papel celofane, o sanduíche custa R$ 2,30. Já o preparado com pão branco, embrulhado no saco de papel sai por R$ 1,80. A maioria não sabe dessa segunda opção, como também quais os dias em que a sopa e outros tipos de refeições, como saladas e carnes são servidas Cida afirma ser aberta a sugestões e reclamações do público. Tanto que empada foi incluída no cardápio a pedidos de clientes. “Aceitamos sugestões e reclamações, pois isso só melhora nosso trabalho. Mas tem gente que exige demais. Me vêem abastecendo a estufa com salgados que acabaram de ser feitos e me perguntam se está fresquinho. É um absurdo.”

O atendimento é outro motivo de crítica para o público. A maioria alega que o tratamento é indiferente e em algumas vezes demorado. Comparada com as cantinas do Saguaçu, a central sai perdendo. “Prefiro a cantina do Saguaçu porque tem mais variedade e o atendimento é bem melhor”, assegura Amanda Cristina, aluna da 7ª série, transferida para o campus Saguaçu. “Estou desde a sétima série aqui no Saguaçu e prefiro o atendimento daqui. Lá no centro, às vezes você tem que esperar a boa vontade de alguém sair da cozinha para te atender”, reclama Maria Eduarda Piazera, aluna do 1º ano colegial. Confira algumas opiniões sobre a cantina:

“A comida é gordurosa, o atendimento é horrível, o horário é restrito e falta variedade.” - Paulo Giovane, 8º período de jornalismo.

“A comida já foi melhor. O atendimento é razoável.” – Michele Camacho, 6º período de jornalismo.

“A estrutura é ruim, o atendimento é indiferente mas alguns lanches são muito bons.” – João Marcos, 6º período de publicidade.

“As comidas não são boas e o preço é alto. Não existe uma alimentação saudável. Prova disso foi a baixa no movimento da cantina após a abertura da padaria Ricca.” – Edson Burg, 6º período de jornalismo.

“Devia ter mais variedade de salgadinhos como chip’s e biscoitos. Uma placa de proibido fumar seria bom também, porque tem vezes que temos que comer fumaça. Já o povo não respeita e a cantina não faz nada.” – Adriana Antunes, 6º período de jornalismo.

“O atendimento é bom mas poderia ter mais opções. Uma placa de proibido fumar seria bom.” – Leiliane Schmitt, 4º período de publicidade.

“O horário de atendimento é restrito. Se abrem às 7 horas poderiam fechar às 22 horas.” – Gabriela de Queiroz, 8º período de jornalismo.

“Os salgados são gordurosos, falta variedade, fora o atendimento, que demora.” – Josiane Wiener, 6º período de jornalismo.


Cantinas - Campus Saguaçu

Coordenada por quatro funcionários, a cantina 1 do campus Saguaçu – uma das duas desse campus -, oferece um cardápio com seis opções de salgados, duas de doces, 13 tipos de guloseimas e cinco variedades de bebidas. Todos os produtos são comprados de terceiros. Nada é produzido pelo estabelecimento. Produtos e equipamentos (duas geladeiras, dois freezer, dois fornos elétricos, dois microondas e duas estufas) são instalados nos seis metros de largura por sete de comprimento, ao lado do ginásio de esportes, visível a quem chega no portão do campus. O local é bem movimentado, não apenas na hora do intervalo. O atendimento é feito das 7h30 às 12 horas e das 13h30 às 21horas. Só com a venda de esfihas e pães de queijo – produtos mais consumidos – , a cantina fatura diariamente R$ 301,00. Em média saem 130 esfihas e 80 pães de queijo todos os dias. Mas nem todos os produtos expostos podem ser vendidos. Guloseimas e refrigerantes são proibidos às crianças. Salgados assados substituem os fritos. Essas mudanças se baseiam na lei estadual 12.061/2001, que regulamenta cantinas em Santa Catarina. Mesmo assim há quem reclame. Segundo Clarice Villas Boas, atendente há nove anos, as mães são as que mais dão queixa pela falta de frituras. “Quando elas vêm buscar os filhos pedem coxinha ou pastel. Como não vendemos, acabam falando mal do nosso atendimento”, explica.

Mas as reclamações não param por aí. As mesmas mães criticam a qualidade do lanche e a falta de opções. Queixam-se que não há frutas para serem vendidas, mas Clarice explica que muitas delas são jogadas fora porque ninguém compra. Esses pequenos impasses não afetam o atendimento aos alunos, que em alguns casos chega a resultar em uma relação próxima. Segundo a cantineira, certa vez um aluno queria comer, mas tinha dinheiro e ela vendeu fiado. “O aluno que me pede isso está todo santo dia aqui no colégio, não tem porque eu não fazer esse favor. Até dinheiro para pegar ônibus eu já emprestei para aluno ir embora”, conta Clarice, que dá conta ainda de uma tarefa delicada: controlar os produtos vendidos para certas crianças, a pedido dos pais. Como o caso de uma mãe que lhe pediu para não vender doces ao filho, pois estava obeso e com triglicerídeos altos. Ao contrário da comodidade oferecida nessa cantina, o atendimento da concorrente, a Saguaçú 2, é menos pessoal, porém o cardápio é mais elaborado. Refrigerantes, guloseimas e outros produtos que não podem ser vendidos às crianças sequer são expostos, pelo fato de a cantina estar localizada na área do ensino fundamental, cujo acesso se dá por uma pequena trilha no morro. O atendimento é feito das 6h30 às 18h30.

No espaço de nove passos de comprimento por cinco de largura, três estufas, três freezers, uma geladeira, uma máquina de café, um microondas, dois fornos elétricos, um fogão e três armários, compõem a estrutura construída e decorada num ambiente específico para crianças, mas aberto ao público em geral. O ambiente é agradável e muitas vezes tem sua organização elogiada. As atendentes Rosane Thomaz e Nicenéia Novaes, ambas há dois anos na função, contam que a maioria dos pais abre crédito para os filhos na cantina. Gastam em média R$ 15,00 por semana. Funcionários podem criar uma conta e pagar semanal ou mensalmente, mas vender fiado é proibido. O produto mais consumido é a mini pizza - 60 unidades diárias - , dando o lucro de aproximadamente R$ 90,00. Com o apoio dos pais, kit’s de lanches foram criados para melhorar a alimentação infantil. Ele contém um salgado, um doce e uma bebida. Diariamente o kit varia em sanduíches naturais, salgados assados, barra de cereais, frutas e sucos. Mas o que as crianças gostam é das sextas-feiras. No dia da guloseima, há bolacha sem recheio, chocolate, bala de goma. Lidar com criança nem sempre é fácil. Na hora do intervalo elas literalmente atacam a cantina. Muitas sobem no balcão, colocam a mão no vidro, fazem confusão para serem atendidas primeiro. “Tem criança que acha que somos empregadas. Alguns são mal educados e birrentos. Também, a maioria que estuda aqui é rico”, reclama Rosane.

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