Carlos Drummond de Andrade como você nunca viu. Quem esteve presente nessa última quarta-feira, 28 de setembro, na Biblioteca Pública Municipal, pôde conhecer de perto um pouco da intimidade de um dos maiores poetas e escritores do Brasil. Os atores do Núcleo Informal de Teatro do Rio de Janeiro apresentaram o espetáculo teatral “Drummond: um homem atrás dos óculos”. Com quase uma hora de duração, a peça resgatou a vida e as obras do artista mineiro.
Da solidão às aparições públicas, das lembranças da infância ao amor pelas mulheres, do erotismo aos dramas do cotidiano. Durante a peça o espectador passeia pelas sete fases do poeta e descobre de forma divertida e reveladora suas principais características. O roteiro é composto exclusivamente pelos poemas e prosas de Drummond, e inclui também alguns trechos das raras entrevistas concedidas por ele. Os atores aproveitam o humor dos textos do escritor modernista para instigar no público o gosto pela literatura brasileira.
“Tudo que é feito no espetáculo faz parte do que ele (Drummond) falou, nada foi inventado”, explica o ator Marcos França, também responsável pelo roteiro e produção do espetáculo. França destaca a versatilidade do poeta: “Você pode citar um livro do Drummond na Ucrânia e as pessoas vão entender. Ele fala de coisas muito pessoais, é um artista muito interiorizado, acho que é isso que identifica tanto as pessoas”. O público que acompanhou a apresentação na biblioteca gostou do que viu. O estudante Deivid Andrei Vieira, 24 anos, acredita na importância do evento para divulgar a literatura em Joinville. “Ter a oportunidade de ouvir a voz do poeta, ele declamando a sua poesia, foi muito interessante já que nenhum livro iria me mostrar isso”.
A peça “Drummond: um homem atrás dos óculos” foi um presente do Sesc-Joinville para a Biblioteca Pública Municipal, que no mês de setembro completou 50 anos. Vários outros eventos marcaram o cinqüentenário da instituição, entre eles uma sessão solene na Câmara de Vereadores de Joinville no dia 22. O diretor da Biblioteca Municipal de Joinville, Reginaldo Jorge, 38 anos, destaca a importância desses encontros para a comunidade: “Nós entendemos que a biblioteca tem que estar inserida no contexto da cidade. Biblioteca não pode ser um depósito de livros, têm que ter alma, coração. Esse evento mostra efetivamente que nós estamos nesse caminho”.