Em 5 de setembro, nós, da Revista Virtual do Bom Jesus, visitamos a Rádio
Cultura e a Transamérica Pop, situadas no oitavo andar do Edifício Turin. Já no
elevador do prédio prevíamos uma situação que seria freqüente nos estúdios –
pouco espaço para muitas pessoas.
Nas minhas especulações, as rádios joinvilenses teriam uma modesta sala de
redação, uma dúzia de funcionários e uns três estúdios. O estopim para esta
imaginação fértil é o fato de as rádios não saciarem nossas ânsias visuais.
Cada sala era pequena, com paredes grossas, largas janelas e um amontoado de
equipamentos. Na Cultura, a modernidade dos aparelhos contrastava com uma
estante recheada de discos dos anos 70, patrimônio que o operador de sistemas
preserva com esmero.
Zeguedé, locutor de notícias policiais da Rádio Cultura, terminou seu
programa por volta das 14 horas e conversou sucintamente conosco. Contou que,
dos seus 64 anos, aproximadamente 40 foram dedicados ao rádiojornalismo. Disse
que o seu meio de conseguir informações era ligando para as delegacias e lendo
todos os jornais. Debaixo do braço, levava uma pasta abarrotada por papéis.
Ostentou-a orgulhoso e com um traço de fadiga. “Eu não ganho bem”, confessa.
No estúdio da Transamérica Pop, o radialista tocava músicas dos anos 80 – mas não aqueles sons que nos envaidecem por sermos testemunhas desta década. Eram músicas merecedoras de um tapa no botão “desligar” do rádio. Foi esse o sentimento que eu tive no momento. Infelizmente, interromper todo o sistema musical estava muito acima das minhas possibilidades. Então, me restou ir embora, decepcionada e desestimulada a voltar a ligar o rádio.