Num primeiro momento, programas assistenciais (do governo ou das entidades filantrópicas) suprem as necessidades básicas mais urgentes da população carente. Em contrapartida, podem vir a acarretar impactos sócio-psicológicos nos beneficiados, como afetar a auto-estima.
Em Joinville o padre Luiz Fachini, idealizador da Fundação Pauli-Madi, coordena quatro grandes projetos sociais voltados para crianças e adolescentes no município de Joinville e região. Em relação aos adultos, Fachinni considera o fato de alguns sofrerem de depressão. Outros, por dignidade, nutrem sentimentos de vergonha em pedirem uma refeição. A coordenadora da cozinha comunitária Pequeno Príncipe, no bairro Espinheiros, Juraci da Silva F. Ferreira, 53 anos, auxilia adultos em casos muito extremos por um prazo de duas a três semanas. Durante esse período, Juraci verifica em documentos de controle e supervisão se os adultos estão realmente procurando emprego.
Luzia da Silva, 38 anos, e seus cinco filhos são auxiliados pela cozinha comunitária. Luzia está desempregada e é voluntária. O marido tem problemas de saúde. Questionada sobre como se sente em ser beneficiada, ela garante estar “muito grata”. Sente-se mal apenas por julgamentos errôneos e maliciosos de pessoas que não conhecem sua realidade.
Comunidades paroquiais também cadastram os mais necessitados para receberem cestas básicas. O casal de idosos José Ferreira, 67 anos, pedreiro aposentado, e Benta Ferreira, 65 anos, sobrevive apenas com um salário mínimo mensal. O filho deles, de 26 anos, está desempregado. A família recebe cesta básica e deposita no filho a expectativa de almejar melhores condições sociais. Entre a maioria dos beneficiados ouvidos pela reportagem persiste um duplo sentimento: a gratidão e, ao mesmo tempo, um certo mal-estar por receberem auxílio.