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Matéria 1382, publicada em 09/09/2005.


Especialistas criticam assistencialismo

Erivellto Amaranth

“A tendência de qualquer medida assistencialista é levar os beneficiados à acomodação. Esse sistema acaba eliminando o poder competitivo das pessoas na busca de sua individualidade e dignidade humana”, analisa o antropólogo Afonso Imhof, 59 anos. Segundo ele, não existe nenhuma perspectiva de mudança nesses indivíduos e falta um acompanhamento sócio-educativo do governo. Imhof lembra que os mesmos problemas sociais enfrentados atualmente no Brasil também assolaram as nações desenvolvidas na Europa. “Os governos europeus desenvolveram, paralelamente ao assistencialismo, políticas públicas voltadas para a integração social, educação e emprego”. Com o advento da globalização, a especialização profissional tornou-se uma exigência das empresas na hora de contratar seus funcionários. “As políticas públicas deveriam anexar a prática do artesanato em seus programas e investir na pequena propriedade agrícola como alternativa para a falta de mão-de-obra qualificada”, avalia.

O antropólogo acredita que o Estado seja o único responsável pela garantia dos direitos básicos de seus cidadãos e analisa com cautela a ajuda das empresas privadas nesse segmento: “A garantia da sobrevivência de qualquer ser humano é papel fundamental do governo. As empresas têm o dever de pagar seus impostos em dia e a responsabilidade do Estado é aplicar parte dessa verba nas políticas assistenciais. Caso os empresários queiram contribuir para a solução da desigualdade social, que faça sem renuncia fiscal, ou seja, sem a diminuição da cobrança de tributos”.

O sociólogo Beline Meurer, 45 anos, ex-candidato a vice-prefeito de Joinville pelo PT, ataca a política social do governo do seu partido: “Sou contra qualquer medida de assistencialismo. Não tem política assistencial que resolva o problema da desigualdade no Brasil”. Embora, reconheça que o governo tenha a obrigação de oferecer um amparo imediato para as pessoas de baixa renda, observa que a solução do problema exige uma reforma governamental séria e abrangente, com a participação da população. “O grande mal do Brasil está relacionado à acomodação do seu povo. Nunca houve uma grande revolução, uma luta interna em nosso país. O povo precisa se mobilizar para exigir o cumprimento dos seus direitos”, defende Meurer.

Para o sociólogo, a redução da jornada de trabalho, a implantação da reforma agrária e urbana e um maciço investimento na educação pública, gratuita e de qualidade, seria o caminho para a resolver o problema. “As instituições de ensino deveriam dar maior importância para as disciplinas sociais. O cidadão tem que aprender na escola os seus direitos, saber o que diz a legislação e como funciona a nossa política”.

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