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Matéria 1334, publicada em 19/08/2005.


:Jessé Giotti

Seis bandas se apresentaram na Praça da Bandeira

Movimento por passagem grátis reúne estudantes e músicos

Vanessa Bencz

Cantando, dançando e bebendo, jovens joinvilenses tomaram conta da Praça da Bandeira ontem, 18 de agosto, por uma causa nobre: a passagem de ônibus gratuita para os estudantes do município. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade da Região de Joinville (Univille), grêmios estudantis de algumas escolas públicas da cidade, a Juventude Revolução – grupo de estudantes com o propósito de mobilizar a sociedade por meio de idéias socialistas – e o vereador Adilson Mariano foram responsáveis pela iniciativa de abordar a questão do passe livre por meio de um show de rock.

Seis bandas concentraram-se na Praça da Bandeira, às 15 horas, com o intuito de convocar estudantes a coletarem 16 mil assinaturas que aprovam a proposta do passe livre. Se atingir este número, o projeto entrará em votação na Câmara dos Vereadores.

Kislla, SecMetilla, Pinóquio em Chamas, SDC, Mary Jam e Echos foram as bandas que aderiram à proposta do projeto da lei do passe livre. Além das bandas, o evento também contou com estandes que vendiam camisetas e livros de teor comunista. Figuras de Che Guevara e Karl Marx eram bastante lembradas nos produtos. Diego Debom, 20 anos, estudante de história da Univille, estava presente no show e reforçou a importância da causa da gratuidade dos passes de ônibus. “Esta iniciativa é de muita importância, não só pelo passe livre, mas também por tirar os estudantes da inércia. Isto vai estimulá-los a lutar mais pelos seus direitos”, assegura Diego.

Juliano Godoi, 22 anos, responsável pelo DCE da Univille e também acadêmico de história, salienta a relação dos estudantes com a música. “Os shows são um chamariz para os jovens”, conta, acrescentando o fato de ser uma iniciativa popular.

Às 15 horas em ponto os jovens recheavam os bancos da praça e atentavam ao palco instalado adjacente à rua XV de Novembro. Era um público heterogêneo, onde se evidenciavam as separações de grupos, cada um com a sua linha de pensamento. Havia os góticos, os straight edges (movimento vegetariano), os roqueiros, os clubbers (grupo alternativo), os metaleiros, os hippies, os adeptos do hardcore, etc.

Cartazes com mensagens contundentes – como “Contra a guerra e exploração, Juventude Revolução” – adornavam a praça e atraíam a curiosidade dos pedestres. A primeira banda iniciou o evento por volta das 15h50 e o público não economizou energia. Os grupos, a princípío com diferenças ideológicas, uniram-se em frente ao palco para dançar, em notória cumplicidade. A “dança” desses jovens é sugestivamente chamada de “quebra-quebra”, da qual até as meninas participaram.

É importante lembrar que em Florianópolis o passe livre foi conquistado à força, com base nas manifestações tumultuosas dos estudantes e na repressão violenta dos policiais. Depois de fechar ruas, pontes e terminais de ônibus, a gratuidade da passagem foi aprovada, mas com planos para entrar em vigência apenas em janeiro do ano que vem.

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