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Matéria 1302, publicada em 30/06/2005.


Entre pautas, expectativas e editores

Carolina Burg

Espero que estas linhas que ora escrevo o encontre desfrutando de bons pensamentos, assim como a primeira coisa que tive ao entrar pela porta da sala de reunião dos editores do jornal A Notícia. Porém, estava tão mais afoita do que os editores em ritmo de decisão de fechamento de assuntos para a próxima edição do jornal.

A expectativa era grande, e me senti mais nervosa do que eles. “Poxa, fiquei impressionada com tamanha calma”, disse a mim mesma. Enquanto eu, principiante, estava de olhos bem abertos, com atenção em dobro em cada palavra que ouvia, os mais acostumados com a correria, os práticos editores (vou chamá-los assim), conversavam entre si, mascavam chicletes, liam um jornal de circulação nacional e só falavam a todos quando lhes solicitassem a palavra.

A primeira reunião que os editores têm acontece pela manhã, por volta das 11h. Repassado o conteúdo que será encaminhado aos repórteres, todos entram na corrida em busca do material necessário para a próxima edição. Desta eu não participei, mas deve ser de suma importância, pois também nesse horário, Graziela J. Lindner expõe assuntos cotados com as sucursais e os correspondentes no intuito de ter uma pauta prévia.

A segunda reunião serve para que cada editor informe que assuntos renderam demanhã. Deveria acontecer sempre às 15h30, mas geralmente atrasa. “A reunião só começa quando a Tina chega” disse, brincando o editor executivo Domingos Aquino. Albertina Camilo, mais conhecida como Tina é editora do AN Cidade. Baixinha agitada, faladeira, de conversa séria e mãe dos repórteres estagiários. Ela levanta a cabeça, aceita a brincadeira numa boa, repassa sua pauta e volta a abaixar a cabeça. Ela lia o jornal de circulação nacional e anotava algo em sua folha.

Se fôssemos analisar cada perfil dos editores participantes da reunião, escreveríamos boas histórias, com vários apelidos. Jeferson Saavedra que o diga. Gostei de sentir a fluidez da conversa. Ele somente se referia ao seu entrevistado, ao seu assunto, através dos apelidos, que por conta disso me fez curiosa, agoniada e sorridente. Todos os experientes entendiam o que Jeferson dissera, mas eu? Bom, eu pesquei alguma coisa sim. Afinal, o assunto tratado não era tão misterioso e tinha lá suas deixas.

Assim fui à redação, após uma hora de conversas e decisões tomadas. São 16h35. A esta hora a redação costuma estar vazia. Repórteres estão na rua atrás de suas pautas. Alguns realizam entrevistas por telefone, por e-mail, mas o convencional ainda é bem presente no AN. São 16h50 e fico a conversar com Wagner Jorge, editor de fotografia. Ele me passa todas as coordenadas do dia-a-dia da editoria de foto. Enquanto falávamos da orientação dada aos repórteres fotográficos, vários editores sentavam à frente do computador para selecionar as fotos que optaram para entrar em suas editorias. A estrutura do jornal lhes permite isso. Já faz alguns anos a redação é toda informatizada. Por conta disso os Mac interligados em rede facilitam o trabalho de todos que montam a edição do jornal.

O impressionante foi verificar a quantidade de mão-de-obra que o jornal ainda tem baseado apenas na experiência, sem a formação acadêmica. Estando na academia fica difícil ver por esse ângulo, mas é claro que para o dia-a-dia do mercado a correria exige quem faz rápido, e fica complicado comparar o trabalho de um experiente com o de um novato. Mas numa cidade em que já se encontra profissionais qualificados academicamente há alguns anos, sinto a necessidade de verificar que existe mais abertura aos recém-formados nas diversas áreas que envolvem conhecimento ao qual o jornal usufrua. Pode ser utopia minha, mas quando estamos na academia temos mais ansiedade e esperança do que aqueles que já estão anos no mercado exercendo a mesma função.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.