Energia elétrica suficiente para iluminar uma cidade como Campinas (SP), com
um milhão de habitantes, durante um ano. Tudo isso devido a economia gerada pela
reciclagem de alumínio. Pelo quarto ano consecutivo o Brasil é recordista
mundial nesse tipo de reciclagem. Dados da Associação Brasileira de Alumínio
(Abal), revelam que o volume de latinhas recicladas chegou a 21,3 toneladas em
2004, isso é equivalente a mais de um milhão de latas recicladas por hora. No
Brasil, o consumo de latinhas por habitante é de 51 latas/ano, enquanto nos
Estados Unidos chega a 375 latas/ano; número sete vezes maior. Contudo, em 2003
os Estados Unidos reciclaram somente 50% do material. No ano passado o Brasil
alcançou a marca de 95,7% de latas recicladas, uma porcentagem 6% maior que em
2003.
O peso de uma latinha é de 14,5 gramas. Para alcançar um quilo são
necessárias 67 latinhas. Cada tonelada de alumínio reciclado gera uma economia
de cinco mil quilos de minério bruto (bauxita). A reciclagem de alumínio
economiza 95% da energia elétrica utilizada na produção do alumínio a partir do
minério. Isso representa uma economia de 600 mil toneladas de bauxita. E além do
aspecto econômico, existe também a questão ambiental já que a bauxita é uma
fonte de energia não renovável.
Estima-se que somente a etapa da coleta injete anualmente cerca de R$ 450
milhões na economia do país; volume financeiro equivalente ao rendimento das 500
maiores empresas brasileiras. A participação de cooperativas e associações de
catadores na coleta de latas passou de 43% para 52% nos últimos quatro anos.
Pesquisas mostram que hoje atividades ligadas à reciclagem empregam mais de 160
mil pessoas.
Em Joinville existem duas cooperativas de reciclagem de lixo. Juntas elas
geram renda para cerca de 60 trabalhadores. Uma delas, a Recicla, tem 19
associados que dividem o lucro das vendas do material reciclado, cerca de R$
350,00 por mês. As cooperativas, porém empregam uma pequena parcela dos
catadores, que segundo pesquisas chegam ao número de dez mil pessoas. Aí entra o
trabalho das cooperativas clandestinas; cerca de 300 em Joinville.
Na cidade existe uma empresa responsável pelo processamento de sucatas de
metal, a VR Metais. A empresa apenas recolhe o material, pois o processo de
reciclagem acontece em São Paulo. A quantidade de sucata processada chega a 700
toneladas por mês. Segundo o gerente da empresa, Ricardo Luiz de Souza, pelo
quilo da latinha de alumínio está sendo pago R$ 2,50, preço menor, influenciado
pela queda do dólar. Em atividade há cinco anos, a VR Metais não possui nenhum
tipo de vínculo com catadores de lixo.
A reciclagem é um mercado com boas perspectivas de crescimento. Com a
expansão da coleta seletiva a quantidade de lixo reciclável tende a aumentar e
assim potencializar os benefícios para a população. Se o Brasil continuar no
ritmo em que está na reciclagem de latas de alumínio, pode alcançar a marca de
100% de latinhas recicladas ainda esse ano.