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Matéria 1287, publicada em 22/06/2005.


Tetracampeão em reciclagem

Pricilla Back

Energia elétrica suficiente para iluminar uma cidade como Campinas (SP), com um milhão de habitantes, durante um ano. Tudo isso devido a economia gerada pela reciclagem de alumínio. Pelo quarto ano consecutivo o Brasil é recordista mundial nesse tipo de reciclagem. Dados da Associação Brasileira de Alumínio (Abal), revelam que o volume de latinhas recicladas chegou a 21,3 toneladas em 2004, isso é equivalente a mais de um milhão de latas recicladas por hora. No Brasil, o consumo de latinhas por habitante é de 51 latas/ano, enquanto nos Estados Unidos chega a 375 latas/ano; número sete vezes maior. Contudo, em 2003 os Estados Unidos reciclaram somente 50% do material. No ano passado o Brasil alcançou a marca de 95,7% de latas recicladas, uma porcentagem 6% maior que em 2003.

O peso de uma latinha é de 14,5 gramas. Para alcançar um quilo são necessárias 67 latinhas. Cada tonelada de alumínio reciclado gera uma economia de cinco mil quilos de minério bruto (bauxita). A reciclagem de alumínio economiza 95% da energia elétrica utilizada na produção do alumínio a partir do minério. Isso representa uma economia de 600 mil toneladas de bauxita. E além do aspecto econômico, existe também a questão ambiental já que a bauxita é uma fonte de energia não renovável.

Estima-se que somente a etapa da coleta injete anualmente cerca de R$ 450 milhões na economia do país; volume financeiro equivalente ao rendimento das 500 maiores empresas brasileiras. A participação de cooperativas e associações de catadores na coleta de latas passou de 43% para 52% nos últimos quatro anos. Pesquisas mostram que hoje atividades ligadas à reciclagem empregam mais de 160 mil pessoas.

Em Joinville existem duas cooperativas de reciclagem de lixo. Juntas elas geram renda para cerca de 60 trabalhadores. Uma delas, a Recicla, tem 19 associados que dividem o lucro das vendas do material reciclado, cerca de R$ 350,00 por mês. As cooperativas, porém empregam uma pequena parcela dos catadores, que segundo pesquisas chegam ao número de dez mil pessoas. Aí entra o trabalho das cooperativas clandestinas; cerca de 300 em Joinville.

Na cidade existe uma empresa responsável pelo processamento de sucatas de metal, a VR Metais. A empresa apenas recolhe o material, pois o processo de reciclagem acontece em São Paulo. A quantidade de sucata processada chega a 700 toneladas por mês. Segundo o gerente da empresa, Ricardo Luiz de Souza, pelo quilo da latinha de alumínio está sendo pago R$ 2,50, preço menor, influenciado pela queda do dólar. Em atividade há cinco anos, a VR Metais não possui nenhum tipo de vínculo com catadores de lixo.

A reciclagem é um mercado com boas perspectivas de crescimento. Com a expansão da coleta seletiva a quantidade de lixo reciclável tende a aumentar e assim potencializar os benefícios para a população. Se o Brasil continuar no ritmo em que está na reciclagem de latas de alumínio, pode alcançar a marca de 100% de latinhas recicladas ainda esse ano.

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