Ler 90 livros, 26 artigos e reportagens, quatro relatórios especiais, 13 sites, nove trabalhos de tese de doutorado e fazer cinco entrevistas com juristas e pesquisadores, tudo num período de quatro anos e meio. Esta foi a realidade de Samuel Pantoja Lima, diretor dos cursos de comunicação social do Bom Jesus/Ielusc e coordenador do curso de jornalismo. O esforço valeu a pena: Samuel foi aprovado por unanimidade e é o mais novo doutor da instituição. Seu trabalho foi indicado para publicação.
A tese de doutorado de Samuel foi em engenharia da produção, na área de concentração de engenharia do conhecimento, e recebeu o título “Crime organizado e lavagem de dinheiro: uma aplicação das teorias dos jogos e de redes neurais para reconhecimento e descrição de padrões”. Nilson Lage, escritor e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi o orientador do projeto. O trabalho está materializado em 201 páginas, todas elas revelando a persistência em expor o jogo sujo por trás da maioria dos bancos brasileiros.
Segundo Samuel, o fato de a tese ser de extrema importância para a ciência e a sociedade foi reconhecido pela banca. “As principais relevâncias do trabalho foram as teorias que fazem o reconhecimento, o combate e a prevenção da lavagem de dinheiro, do tráfico, da corrupção e da sonegação”, conta o novo doutor. A pesquisa de Samuel explica que o crime organizado opera 24 horas por dia na prática de lavagem de dinheiro. O caráter ilícito desta rotina não permite que se tenha noção de seu impacto na economia mundial, e nem todos os bancos estão agindo para se livrar da corrupção. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica foram dois exemplos utilizados para ilustrar a tese, justamente por não estarem envolvidos em esquemas de corrupção.
“Apartir de agora, quero uns seis meses de férias dos livros”, desabafa Samuel, logo se apressando em dizer que as obras de Gabriel García Máquez, Honoré de Balzac e John Fante serão as exceções.