Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 1089, publicada em 16/04/2005.


Projeto de pesquisa de ex-aluna do Ielusc será publicado

Vanessa Bencz

Pela primeira vez na história do Bom Jesus/Ielusc, um trabalho de monografia será transformado em livro. A autora é Marília Maciel, ex-aluna do curso de jornalismo, formada em agosto de 2003. A obra, intitulada “Imprensa do interior – profissionalizar para fortalecer”, ainda está em processo de editoração, e a previsão é de que esteja pronta apenas no segundo semestre deste ano. O livro terá aproximadamente 200 páginas e será dividido em quatro capítulos.

O tema do trabalho é a falta de profissionalização na imprensa de cidades pequenas. Marília mora em São Bento do Sul, no norte catarinense, e desde cedo constatou que os jornais locais são importantes para os moradores, provavelmente bem mais do que grandes mídias, como a Rede Globo. “Os habitantes querem um jornal que fale de coisas próximas deles, que os influencie diretamente, que trate do seu meio. Esta questão de proximidade é muito importante no veículo”, explica a autora. Porém, muitos jornalistas do interior não são formados em ensino superior, às vezes nem em ensino médio, e exercem o ofício com base nos conhecimentos obtidos pela experiência. Conforme Marília discorre no livro, a bagagem acadêmica é imprescindível, pois a não-formação acarreta inúmeros problemas, desde a falta de ética, até equívocos gramaticais e ortográficos. E isto, conseqüentemente, provoca o descrédito do leitor no veículo. “Não sou contra as mídias do interior, apenas prego a profissionalização”, explica.

A obra faz uma análise crítica dos textos publicados em jornais de São Bento, além de um apanhado histórico da imprensa na cidade. A autora realizou várias entrevistas com professores de língua portuguesa, proprietários de jornais e funcionários para fortalecer o argumento de que a ausência do ensino superior pode ser um ponto vulnerável no jornalista. Antes de cursar jornalismo, Marília graduou-se em letras, na Faculdade de Palmas (PR). “Sempre tive vontade de estudar jornalismo, mas em São Bento não existia esse curso, e meu pai não me deixava estudar fora”, conta, rindo. Mesmo assim, ela chegou a trabalhar por três anos num jornal local chamado “Evolução” e logo, decidiu cursar comunicação e, durante esse tempo, foi repórter do A Notícia, onde trabalhou até recentemente.

“Desde a época em que ingressei no curso de jornalismo, tinha firme a pretensão de fazer um trabalho sobre os jornais do interior. Fui amadurecendo a idéia, coletando informações e fiz disso o meu projeto de conclusão de curso. Tirei nota 10 e a banca sugeriu que eu transformasse o trabalho em livro”, relembra. Na banca, estavam o professor e também presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo, e o professor convidado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Francisco Karam. Porém, os verdadeiros responsáveis por consolidar a intenção do livro foram o orientador da monografia e coordenador do curso de jornalismo do Ielusc, Samuel Pantoja Lima, e o diretor geral da instituição, o pastor Tito Lívio Lermen.

Engana-se quem pensa que Marília é uma escritora novata. Com 11 anos, publicou o livro infanto-juvenil “As aventuras dos três primos”. O segundo foi aos 13, “A longa viagem de Splin”. “Meu pai me dava muito incentivo, foi ele o responsável pelas publicações”, diverte-se. Ela pretende escrever mais livros, mas no momento está dando prioridade à dissertação de mestrado na área da ciência lingüística, que cursa na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). O assunto do projeto é o “maníaco da bicicleta”, estuprador que assombrou Joinville em 2000. “Vou analisar o jeito que a mídia tratou o fato, e as marcas lingüísticas utilizadas”, adianta. “Se ficar bom, quem sabe este se torna um livro também?”.

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