Encantadas com as maravilhas do livro dos recordes, crianças fazem comparações entre o Guinness e a literatura, o cinema e a televisão. Na matéria, elas comentam o porquê do interesse.
Um certo livro didático trazia exemplos de coleções tirados do “Livro dos Recordes” de 1999. Foi o bastante para que os alunos das quartas séries do Bom Jesus (Complexo Saguaçu) descobrissem e se apaixonassem pela obra. A partir daí, eles procuram o livro sempre que vão à biblioteca. A “sensação” é a edição de 2005, pela qual muitos entram em acirradas disputas. Acabam ficando em roda e lendo em voz alta para todos ouvirem. Segundo a professora de língua portuguesa Daniela Halter, 24 anos, não foi preciso nem um estímulo extra para que o “Guinness Book” ganhasse o status de “o livro mais procurado da biblioteca”. Para a professora, a obra apresentou outro mundo às crianças.
“Eles gostaram muito do livro, se impressionaram com tudo que ele trazia. Foi uma descoberta”, revela Daniela. Na biblioteca todos procuram logo o Livro dos Recordes, atrás de mais informações curiosas. Segundo a professora eles preferem o livro a qualquer obra literária. “O Livro dos Recordes tem mais figuras que os de literatura, e tem coisas estranhas como um homem que deixou a sua unha crescer tanto que ela dá voltas”, conta Isabeli Patruni, 10 anos. “Eu li em algum lugar que o ‘homem da unha’ quer vendê-las”, acrescenta Aline Koerber, 9 anos. Para Adolfo Robert, 10 anos, as pessoas que constam no livro por deixar a unha ou o cabelo crescer, ou então encher o rosto com argolas de metal, só fazem isso porque gostam de aparecer. “Eu acho legal porque é diferente e engraçado”, opina Marília Braga, da mesma idade. E todos revelaram que gostariam de participar do livro por alguma coisa que somente eles conseguissem fazer.
Quando a professora perguntou por que eles preferem o Livro dos Recordes a livros de literatura, responderam que o Guinness tem mais imagens, é mais curioso. Questionada sobre a veracidade do livro, Ana Luísa Maria, 9 anos, disse que algo é verdade e algo não. “O cara com o olho mais arregalado acho que é mentira”, argumenta Aline. Ela também acha que na literatura algumas coisas realmente acontecem e outras não. Todos disseram preferir livros à televisão ou cinema. “O filme é como se fosse um resumo do livro”, disse Isabeli referindo-se aos filmes baseados nos livros da série Harry Potter; e completou: “O livro oferece mais detalhes. Às vezes até parece que o filme é sobre outro livro”.
Numa comparação com a TV, os estudantes acham que o Guinness se parece com o Fantástico. “O Ratinho também mostra coisas diferentes, mas não dá pra acreditar, é muito bobo”, explicou Adolfo. “É, é muito bobo”, disseram todos. Para os estudantes, na TV só dá para acreditar no que passa nos jornais. É a parte séria. Em programas como o Ratinho, o Pânico ou as novelas, não dá. Sobre a possibilidade de encontrar os recordistas pessoalmente, Adolfo dá o exemplo: “Se eu visse alguém com o rosto cheio de argolas ou eu corria, ou mandava ele tirá-las”. Logo depois volta atrás e diz que primeiro conversaria para ver se o cara era legal. Passados quase dois meses da “descoberta”, os alunos ainda mantêm a intensa curiosidade sobre os recordes do livro.