A cana-de-açúcar, planta exaustivamente cultivada no Brasil e muito conhecida pela sua versatilidade – utilizada na culinária e na fabricação de álcool –, agora tem causado dor de cabeça, literalmente, a algumas pessoas que ingeriram o caldo a partir de 1^o de fevereiro deste ano. Neste meio-tempo quatro pessoas morreram, em Santa Catarina, vítimas do Mal de Chagas, após terem ingerido a bebida. Além das mortes, foram registrados 19 casos da doença no estado.

A suspeita é de que os carregamentos da cana-de-açúcar para Santa Catarina estivessem infectados pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido pelo barbeiro (também conhecido por chupão), inseto hospedeiro do microorganismo. A transmissão mais comum se dá no momento da picada, quando o barbeiro suga o sangue da vítima e defeca ao mesmo tempo, contaminando a ferida com fezes. Outro modo de contágio é pela transfusão de sangue.

Os sintomas das pessoas contraídas pelo Mal de Chagas são: forte dor de cabeça, no abdômen e nas articulações, febre alta e persistente (três dias ou mais), inflamação nos gânglios linfáticos, inchaço dos olhos, do fígado, do baço e mal-estar. As manifestações fatais incluem inflamação no miocárdio (parede muscular do coração), na meninge (membrana que envolve o eixo nervoso do cérebro) e no cérebro. É normal que estes indícios apareçam de 5 a 14 dias após a transmissão, mas nos casos fatais, podem demorar anos até se manifestar. A Secretaria de Saúde orienta as pessoas que apresentarem estes sinais a realizem, urgentemente, um exame de sangue para confirmar a contaminação. A medicação existe, porém, só é eficiente nos casos iniciais da doença.

Em Santa Catarina, a presença do barbeiro já era conhecida, mas não a infecção do inseto pelo Trypanosoma cruzi. O Ministério da Saúde começou a apurar a origem da causa e fará uma inspeção nos lugares de armazenamento da cana-de-açúcar. Estão proibidas, pela Medida Cautelar, a produção e comercialização do caldo de cana.