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Matéria 0970, publicada em 10/03/2005.


"Sem lenço e sem documento" se faz teatro

Jessé Giotti

             Joinville é espaço de teatro: praças, associações, ruas, escolas se transformam no palco que o anunciado Teatro Juarez Machado prometia ser. Este é um “palco vazio”. Em 2003 o grupo Dionísios alcançou 60 mil espectadores; já em 2004 foram 24 mil pessoas às suas apresentações.“O teatro de Joinville está se fortalecendo, ganhando espaços e fazendo público”, enfatiza Adréia Malena Rocha, 35 anos, atriz e diretora de teatro.

            Segundo o ator e diretor Borges de Garuva, existem hoje na cidade cerca de 30 grupos com aproximadamente 500 pessoas envolvidas diretamente na produção e difusão de artes cênicas, na cidade. O que para o ator é um bom número, apesar da pouca repercussão, o que na sua opinião se deve pela falta de apoio oficial à arte. “A dificuldade não é só para o teatro, mas a maioria dos movimentos artísticos do município”, avalia Silvestre Ferreira, ator e diretor do grupo Dionísios.

            “Hoje em Joinville quem mais investe em teatro é o setor privado”, diz Andréia.           “Noventa por cento dos recursos vem daí”, acrescenta Borges. “A Dionísios, por exemplo, poderia comportar muito mais atores, e conseqüentemente produzir mais, mas hoje, aqui, não é possível. Em nenhum lugar do país a produção teatral se sustenta exclusivamente do que arrecadado na bilheteria”, considera Silvestre. No ano passado a companhia apresentou espetáculos todos os fins de semana na Cidadela Cultural Antarctica (antiga fábrica que hoje é local de eventos diversos), “mas foi muito complicado, enfrentamos muitas dificuldades”, conta Sivestre Ferreira.

            Sobre o Teatro Juarez Machado, Borges foi enfático: “Não é teatro, só tem nome, é um auditório. Teatro tem que ter espetáculo todo dia. O que tem ali?”. O suposto teatro não tem luz nem som adequados, estes devem ser locados junto a terceiros.  E isso é possível apenas para poucos e ainda assim esporadicamente, porque dificilmente a bilheteria cobrirá os gastos, ainda que o preço do aluguel do espaço possa ser negociado em forma de percentual de lucro. O que sobra não dá conta dos demais gastos.

            A Dionísios Teatro está em cartaz no Sesc (Joinville), dias 12 e 13 de março, às 20 horas, com a peça “Napiti Ditemê”, encenada pela Trupe Camaleão, grupo que comporta os principais atores da companhia. “Três personagens, cada qual em seu espaço, cada qual com suas individualidades”, é o mote do espetáculo.

            A reportagem procurou entrar em contato com os responsáveis tanto pela Fundação Cultural como pelo Teatro Juarez Machado. Não obteve sucesso em decorrência, principalmente, do horário de trabalho exíguo (8 às 13h) cumprido pelos órgãos públicos em Joinville.

             

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