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Matéria 0929, publicada em 26/11/2004.


É bico, mas é meu

Fabrício Porto

É natal, ano novo vem chegando, férias e o 13º salário já está saindo do forno, pronto para ser degustado pelas mais diversas lojas da cidade. Presentes, embrulhos, decorações natalinas e sacolas já começam a desfilar pela área de mais movimentação comercial, destacada principalmente no centro de Joinville. Todo esse aquecimento na economia faz com que o número de contratados aumente nesses estabelecimentos. Entretanto, muitos atendentes e funcionários não são efetivados e estão correndo atrás de um Papai Noel menos magro.

O sonho de casar de véu e grinalda e ajudar nas despesas da família levam a vendedora Ana Carolina Horski a dedicar os finais de semana a um trabalho temporário. Hoje ela trabalha em uma loja que vende roupas infantis. O dinheiro que ganha é pouco, mas é bem vindo. Mesmo cumprindo uma carga horária de apenas dois dias por semana e com uma contratação apenas verbal, ela considera a experiência válida. A sua adoração por crianças e o acréscimo da clientela, facilita o trabalho, alimentando esperanças de efetivação na empresa.

Não podia ser diferente. Comparando com o mesmo período de 2003, as vendas do comércio varejista no país, em setembro deste ano cresceram 8,87%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o décimo aumento consecutivo no setor. O aumento nas vendas, principalmente na época de verão, está rendendo bons frutos para o estudante de jornalismo Leonel David Jesus Camasão. Atualmente é vendedor de roupas em um shopping da cidade. Mesmo com uma carga horária de apenas 6 horas, ele percebe o aumento das vendas nesse período do ano. Sem gostar de depender dos pais, o estudante sempre tenta uma “vaguinha” em épocas de mais vendas. O dinheiro que receberá já tem destino certo: pagar a faculdade que está cursando.

A lei em relação a esse tipo de serviço é quase desconhecida. É obrigatório um contrato entre o empregado e a empresa de trabalho temporário. Assim se aplica também à empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços. Férias, 13º salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), jornada de 44 horas semanais, insalubridade, periculosidade, seguro de vida e carteira assinada são alguns dos direitos desse trabalhador.

O que muitos chamam de bico, Teodoro de Oliveira, gerente comercial em recursos humanos, chama de trabalho temporário. Hoje, já enquadra quase 6.000 funcionários só em Joinville. Segundo ele, não há muita sazonalidade e sim um crescimento de acordo com o aumento do comércio dentro e fora da região de Joinville. Ele considera os períodos de maior contratação temporária os meses de janeiro a março e de junho a setembro. Teodoro afirma que quase 70% deles são efetivados pela demanda constante de trabalho. “Muitas vezes, essa é uma grande oportunidade do primeiro emprego em uma modalidade que mais se encaixa no perfil desse trabalhador”, acrescenta ele.

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