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Matéria 0872, publicada em 19/10/2004.


:Joyce Reinert

Caderno AN Cidade divulga parceria que não existe

Não há parceria entre Ielusc e Difusora

Daisy Trombetta *

   O jornal A Notícia de domingo (17/10), caderno AN Cidade, traz uma matéria anunciando que o Ielusc fechou convênio de estágio com a Rádio Difusora de Joinville. A informação não procede, já que os alunos que estão trabalhando no local foram contratados através do CIEE (Centro de Integração Empresa Escola) sem passar pelo aval da instituição.

   De acordo com o coordenador do curso de jornalismo, Samuel Pantoja Lima, a única proposta oficial em relação à parceria apresentada pela emissora foi recusada pela instituição de ensino. “Não existe nenhuma parceria, contrato ou sequer discussão”, ressalta. Ele ainda denuncia a demissão de um profissional formado em jornalismo, para que seu salário fosse rateado entre os quatro estagiários.

  O A Notícia não procurou ninguém do Ielusc antes de publicar a matéria. “Ninguém do jornal entrou em contato, nem para confirmar se a parceria realmente existia”, afirma Samuel. “Agora estamos esperando que nos procurem para esclarecer a história”.

Contrato sem parecer do SJSC

  Leonardo Hellman, diretor da Rádio Difusora, preferiu contratar estudantes de jornalismo porque acredita que dessa forma pode realizar um “jornalismo de qualidade”. Segundo ele, o pagamento aos estagiários é feito de acordo com uma tabela recebida do CIEE. O padre ainda destacou que não entrou em contato com o Sindicato dos Jornalistas para oficializar o estágio pois acredita não ser necessário “já que os contratados são estudantes e não profissionais”.

Acordo já havia sido recusado

  No dia 31 de agosto deste ano a Rádio Difusora enviou um documento ao Ielusc propondo uma parceria para estágio. Seriam abertas duas vagas para alunos do sexto e sétimo períodos. Em 10 de setembro seguinte, o coordenador do curso retornou o documento recusando a proposta.

  A emissora propôs os seguintes critérios: seriam cinco horas de trabalho por dia; a Difusora arcaria com o transporte e refeições dos alunos e ofereceria um crédito representando 30 inserções, com 30 segundos cada, por mês, para propaganda do Ielusc. Em contrapartida, a instituição concederia as bolsas estudantis para os alunos.

  No documento enviado pela instituição recusando a proposta constam as seguintes exigências: a) o estágio é uma complementação do processo ensino-aprendizagem, na perspectiva de qualificação do aluno e de seu trabalho específico para a empresa requisitante; b) supervisão didático-pedagógica, tendo como meta uma avaliação descritiva, no mínimo, trimestral apontando questões e indicando sugestões para a qualificação da experiência, do ponto de vista da empresa e da escola. c) elaboração e fornecimento à instituição de ensino, por parte da empresa, de um programa de atividades em consonância com os programas escolares; d) a remuneração do estagiário deverá corresponder a 80% (oitenta por cento) do piso salarial da categoria, até este momento, no valor de R$ 870,00. Portanto, o mínimo do valor da bolsa deverá ser de R$ 696,00. A jornada deverá obrigatoriamente ser de, no máximo, cinco horas diárias, sem qualquer possibilidade de prorrogação, a fim de evitar prejuízos e/ou impossibilidade de conciliar as atividades escolares com o estágio.

  A instituição ainda se compromete em continuar dialogando com a rádio para firmar o acordo, desde que seja dentro das exigências por ela solicitadas.

Professora de rádio está indignada

  O radiojornalismo se encarrega de pesquisar e defender o interesse público. O estágio da Rádio Difusora de Joinville está longe desses parâmetros. Na maior parte do tempo, os alunos ocupam o espaço disponível com a leitura de releases, tarefa um tanto distante dos conceitos jornalísticos aprendidos na faculdade.

  Para a professora de rádio do Ielusc, Izani Mustafá, o estágio precisaria, no mínimo, ser supervisionado pela instituição. “Todo esse acerto entre a rádio e os alunos não passou pela coordenação da faculdade”, ressalta.

  Além disso, não há sequer supervisão e orientação de profissionais da área dentro da Difusora. “O padre Leonardo se autodenomina jornalista, mas até onde eu sei não sobrou nenhum profissional da área trabalhando na emissora”, afirma.

  Por enquanto ela não ouviu nenhuma produção jornalística durante o programa. “Até agora o que mais houve foi leitura releases, e depois de várias leituras entrou no ar uma entrevista”, justifica.

 

* Com participação de Camila Morales

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