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Matéria 0819, publicada em 01/10/2004.


Atitude, inspiração & transpiração

Samuel Lima, jornalista e diretor do Curso de Comunicação do Bom Jesus/Ielusc

O evento que marcou o 6º aniversário da Agência Experimental de Propaganda (AEP), realizado no dia 29 de setembro, provocou em mim uma reflexão “linkada” com o recém iniciado processo de avaliação institucional. Explico lembrando a tirada do físico e filósofo alemão Albert Einstein, quando questionado sobre sua “receita de sucesso”: "Sucesso e genialidade são 10 por cento de inspiração e 90 por cento de transpiração."

Nesta perspectiva, é possível afirmar que a formação superior, em qualquer área do conhecimento, pressupõe uma dose muito significativa de transpiração, postura, atitude. A história recente do ensino superior no Bom Jesus/Ielusc explica, em termos, uma notável falta de cultura de participação dos/as alunos/as. Um exemplo ainda em curso: a brilhante iniciativa do Diretório Central dos Estudantes Florestan Fernandes, chamada “Cinema na Quadra”. Muita gente boa ficou esperando o professor “liberar” os alunos para assistir aos documentários de excelente qualidade que foram selecionados para a mostra. Ora, o caminho é de mão dupla: é uma excelente oportunidade de propor conteúdo, em torno da temática e estética dos filmes, para os docentes.

Na leitura preliminar dos dados da avaliação institucional, há um registro oportuno e pertinente de críticas e sugestões quanto à infra-estrutura geral da Instituição. As críticas e apontamentos de insuficiências não podem servir de estímulo à preguiça, à falta de compromisso e zelo para com o processo ensino-aprendizagem. Antes, devem ser utilizadas como fator de mobilização, de santa pressão organizada – via entidades representativas – buscando a solução devida para os casos evidentes. Mas isso não resolve o problema do ensino de qualidade. São meios, ferramentas, parte do processo tão somente.

Insisto no raciocínio original. Vamos supor que a gente tivesse toda a tecnologia de ponta, top de linha, em termos de suporte de informática, laboratórios e outros espaços de apoio à formação técnica de jornalistas e publicitários. Ainda assim, afirmo sem medo de errar que apenas 50% do caminho estaria percorrido. Irremediavelmente, e a meu juízo no mínimo, os outros 50% são compostos pela capacidade de iniciativa, postura e atitude – individual e coletiva – dos/as acadêmicos/as. Aos educadores e gestores resta uma função vital: criar e zelar por um ambiente democrático, criativo, no qual possam fluir bons projetos e idéias como o exemplo da mostra de documentário. Com isso estamos comprometidos!

O mais é o chão do caminho. Já disse um outro poeta, o espanhol Antônio Machado: “Caminhante/ não há caminho/ se faz o caminho ao andar”. A única coisa que não dá para admitir é a falta de atitude. Esse comodismo de dar dó que, desgraçadamente, se instala em jovens corações que deveriam estar sintonizados na utopia, na usina de sonhos da vida – além de muito rock n’roll, amor, poesia, paixão...

Volto à referência de Einstein para reafirmar tudo o que procurei dizer: "Algo só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário". Aos meninos y meninas da Agência Experimental de Propaganda (AEP), como sujeitos de um processo que começou há seis anos, deixo um beijo enorme no coração: Dicezar, Ligia e Cátia (professores orientadores); Fernanda, Leandro, Jennifer, Josane e Murilo (bolsistas). Valeu pelo exemplo, moçada!

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