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Matéria 0805, publicada em 24/09/2004.


:Daisy Trombetta

Lado a lado: número de farmácias cresce a cada dia

Joinville tem uma farmácia para cada 3 mil habitantes

Cinqüenta e cinco mil farmácias, 11 mil tipos de medicamentos registrados na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o quarto maior consumidor mundial de remédios. Esses números retratam o Brasil como um país de doentes. A quantidade de farmácias, por exemplo, é mais do que o dobro recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas se sobram farmácias, faltam livrarias. Elas não passam de 2 mil em todo o país. Ou seja: há uma livraria para cada 85 mil habitantes e uma farmácia para cada 3 mil brasileiros. Não é por acaso que a indústria farmacêutica brasileira movimenta, em média, R$ 7,5 milhões por ano.

Em Joinville, a realidade não é diferente. Existem 150 farmácias, o que dá a média de um estabelecimento para cada 3 mil habitantes. Havia uma lei municipal que mapeava as áreas em que esses estabelecimentos poderiam funcionar. A exigência era que tivesse no mínimo 500 metros de distância entre um e outro. A lei foi derrubada por pressão dos empresários do setor sob a alegação de que só aqui havia essa exigência.

Não é preciso andar muito para encontrar farmácias separadas apenas por uma parede. È o caso da rua XV de Novembro, onde se encontram dois estabelecimentos que inclusive pertencem ao mesmo prédio. Eles dividem o mesmo número, 515, também para receber correspondências. De acordo com Giovana Viana Mendes, bioquímica e fiscal da Vigilância Sanitária, são recebidos em torno de 20 pedidos de abertura por ano, enquanto registra-se no máximo seis fechamentos durante o mesmo período.

Para se abrir uma farmácia não é muito difícil. Os principais quesitos que constam na resolução RDC nº 238, de 27 de dezembro de 2001, da Anvisa, são: ter um farmacêutico responsável, apresentar uma cópia da licença sanitária e comprovante de pagamento da taxa de fiscalização.

As farmácias têm autorização para manipular medicamentos enquanto as drogarias só podem vender produtos acabados. Mas as drogarias estão oferecendo uma diversidade cada vez maior de mercadorias. Agora, esses estabelecimentos têm prazo até o final do ano para retirar das prateleiras tudo o que é do gênero alimentício. Uma liminar havia sido concedida autorizando a venda dos produtos. Há pouco tempo ela foi derrubada e a Legislação Federal não permite esse tipo de comércio. A partir do início do ano que vem, a fiscalização começará a multar quem não cumprir a exigência.

O crescimento no número de farmácias indica que existem cada vez mais consumidores de remédios. A população está doente e precisa de uma “aspirina” para curar os males da realidade dura que enxerga todos os dias. Esse é o reflexo de um povo que não consome livros, não se medica com cultura e, quando lê, são apenas mais algumas bulas de remédio.

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