As mãos estão atreladas umas às outras, a postura é estática, com uma fala enfadonha e monocórdia. Dessa maneira os alunos do Col (Clube de Oratória e Liderança de Joinville) iniciam suas apresentações em sala de aula. O medo e a insegurança são dificuldades enfrentadas pelos aprendizes da arte de se comunicar em público. Com esse objetivo o COL, que existe há 25 anos, tenta minimizar os fantasmas de falar para grandes platéias.
“Foi o curso de oratória que me deu a capacidade de falar em público”, assegura o presidente do Clube de Oratória, Altamir Andrade, destaca a importância do curso para profissionais de todas as áreas. Altamir, que já fez palestras para quase 15 mil pessoas, é grato ao clube por sua capacidade de enfrentar grandes platéias. “Aos meus 20 anos eu era incapaz de falar em público”, confidencia.
No clube é utilizada uma gravação de vídeo para avaliar o desempenho e a desenvoltura dos alunos. A evolução torna-se evidente após 20 horas de curso fazendo com que o aluno adquira confiança e coragem aliadas às técnicas de oratória. Novos trejeitos somados à postura de alunos, após quatro aulas, são visivelmente nítido. O corpo fala, os pés não estão mais plantados no chão e as mãos compõem uma expressão firme e convicta.
Dentre os maiores medos da humanidade, o falar em público atinge boa parte da população mundial. A estudante de jornalismo Joyce Reinert é evangélica desde criança e toma a iniciativa em projetos e eventos praticados em sua igreja. Para ela, a facilidade de falar em público, que vem desde criança, a ajuda em muitas situações. A estudante, que já falou para mais de 200 pessoas, diz que em alguns momentos precisa driblar os famosos “brancos”. “Eu corto a fala e passo para próxima etapa”, conta a estudante, acrescentando: “O público não pode ficar inseguro com o palestrante”.
Gestos artificiais e postura estática fazem parte do ritual de candidatos a vereador. Jurandir Arruda, redator de campanha política, releva situações engraçadas durante as gravações do programa eleitoral. Em sua opinião, a descontração no momento das gravações é necessária para que as falas tenham mais naturalidade. “Não é possível fazer isso de um dia para o outro”, relata Jurandir, que também constata: “O tempo das gravações é curto. Não podemos dar aulas de oratória ou interpretação, então ficamos sujeitos a isso”.
Até mesmo atores convivem com os improvisos, não estando a salvo de “micos” corriqueiros. Robson Luis, que trabalha na área teatral há cinco anos, destaca que o segredo de uma boa apresentação é saber não entrar em pânico. A oratória, para ele, acontece de forma natural. Embora nunca tenha enfrentado problemas para falar em público, admite ficar muito nervoso antes da apresentação de um espetáculo. “Teatro é um jogo, um jogo que se joga com o outro ator e com o público”. O ator afirma que muitas vezes se sentiu obrigado a inventar falas do texto original.
O nervosismo não faz parte do vocabulário da estudante de jornalismo e secretária do Bom Jesus/Ielusc, Cristiane Aparecida Kamarowski. A facilidade em falar em público já é marcante em seu local de trabalho. Com uma gargalhada inconfundível é reconhecida por onde ela passa. Num dia inteiro de trabalho, atende quase mil pessoas, informando e passando ligações para ramais diversos. Porém, sente um certo frio na barriga quando pensa no dia da apresentação de sua monografia para a conclusão de curso. Por tratar-se de um assunto que requer mais seriedade, ela terá que adotar uma postura menos coloquial.