Contos de fadas cheios de fantasias, com príncipes e princesas num reino encantado. Essas histórias fantásticas fazem parte das nossas vidas e não foi diferente com Leonardo Coradelli, 55 anos, massoterapeuta. Das histórias infantis surgiu a construção de um castelo no mundo real. A arquitetura saiu dos livros para a realidade, aguçando a imaginação de quem o vê no alto da colina. Branco, com janelas verdes que à noite refletem quando acesas as luzes internas. Arcos, torres, escadas também estão presentes nessa fortaleza, que fica localizada à Rua Petrópolis, lateral da Rua Monsenhor Gercino em Joinville. “Desde criança tive o sonho de morar em um castelo”, confessa. Coradelli não projetou nada no papel, toda a estrutura saiu da sua cabeça diretamente para o concreto.

A tarde é abafada, Coradelli puxa o ar com dificuldade pelo fato de ter subido o morro e as escadas do palácio. Tudo é um grande santuário, mas o homem de desejos curiosos continua ofegante de cansaço, emoção e orgulho da obra-prima. Entende tanto que detalha como foi feito cada arco e torre, cada coluna e travessão. A área construída é de 400 metros quadrados em oito anos de dedicação. “Várias vezes fiquei até alta madrugada fazendo as ferragens e caixarias”, fala entusiasmado. Sempre que tinha uma folga, Coradelli colocava a mão na massa e tomava conta de cada detalhe do seu castelo, desde a maçaneta da porta até os arcos enormes que enfeitam os muros. Não poupa esforços para transformar casa em ponto turístico. Mas o castelo ainda não está pronto.

Por não ter legalizado a obra, Coradelli foi multado em R$ 2,5 mil pelo Crea-SC (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Santa Catarina). Está recorrendo da multa. O Crea­­ – que tem a obrigação de fiscalizar edificações na cidade – somente ficou sabendo da construção depois da publicação da matéria sobre o castelo no jornal A Notícia em 16 de janeiro desse ano.

No momento, está sendo construída uma piscina de oito metros por dez. No centro será instalado um chafariz. Na parte mais funda terá 1,70m. Na entrada há uma pequena garagem e na parte superior, duas torres. O primeiro cômodo é a cozinha, desarrumada em decorrência da vida solitária do dono, que é viúvo há sete anos. Nesta parte tem um balcão bem no centro, onde fica o fogão embutido, e à direita, o forno elétrico. Cada extremidade da casa tem formato de arco, o que torna mais viva a impressão de se estar dentro de um verdadeiro castelo. Mais a diante, ao lado esquerdo, a porta de saída para a piscina. No direito tem um saguão e, à esquerda dele, uma sala de TV com um sofá, uma estante de itaúba, onde repousam uma TV antiga e alguns livros. A parede é repleta de quadros de santos e retratos de parentes. Várias plantas contornam o ambiente e dão cheiro de umidade e certo desconforto. Ainda no primeiro piso está o quarto de Coradelli. Em cima da cama, um cobertor marrom com listras beges. Dos cinco banheiros, o único que está pronto tem piso marrom e luzes verdes no espelho.

Do lado esquerdo do saguão fica a escada que dá acesso ao segundo piso. Lá estão dois apartamentos com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, ainda inacabados. Na parte superior estão seis das 11 torres, mas até o término da construção serão 12. Em cada torre haverá um altar com a imagem de um santo, devido à grande religiosidade de Coradelli. Ele pretende alugar o castelo para festas, isso se não conseguir transformá-lo em um ponto turístico legalizado pela prefeitura. A previsão para a obra ficar pronta é de dois anos. Pelo andar da carruagem, vão faltar apenas o príncipe e a princesa para completar esse cenário.