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Matéria 0643, publicada em 04/05/2004.


Movimento social modifica a situação do Jardim Paraíso

Norberto Pabst Junior, acadêmico da 3ª fase de Jornalismo

Há algum tempo começou uma guerra contra os males da miséria no bairro Jardim Paraíso, em Joinville (SC). Longe das ações violentas mostradas pela imprensa, as quais caracterizam a imagem do local, essa batalha não gera violência, banhos de sangue e nem há feridos. O “comandante”, Carlos Pinto, na sua qualidade de padre, pede para que nesta luta haja muita alegria e motivação, e que o desespero não aflija os militantes e a coragem tome conta da infantaria. O incentivo à mobilização social e o espírito de comunidade estão sendo as armas na luta contra as precariedades apresentadas no bairro. Neste momento, a união é essencial para a conquista da vitória sobre a pobreza.

O povo está mais consciente das suas necessidades e a maioria passou a acreditar que a falta de recursos pode ser combatida através da manifestação do bairro na busca da organização comunitária. Esta batalha pela humanização do bairro não seria tão lucrativa se não fosse a participação do padre Carlos, o qual é visto como o grande responsável pelas mudanças. “Se a fé move montanhas, pode mover um bairro inteiro”, brinca o líder religioso.

A chegada do padre se fez em fevereiro de 2002. Ele observou a presença de 44 igrejas na localidade, mas a comunidade não vivia em comunhão. Os problemas com a infra-estrutura estavam aumentando e nada era feito, uma vez que o bairro estava no auge de seu crescimento populacional, e a maioria do povo era proveniente de outras regiões do Brasil. Estes migrantes vieram à procura de melhores condições de vida, no entanto, encontraram mais dificuldades. As escolas estão saturadas, falta saneamento básico adequado e a segurança mostra-se fragilizada.

Maria Inês Gonçalves, agente de saúde e líder comunitária, festeja as grandes mudanças do bairro, mas há muito a ser realizado. Inês garante que o reconhecimento do bairro é reflexo de muitas ações do padre Carlos. Ele chocou o bairro com a sua chegada. No início, as pessoas estranharam suas atitudes, pois saía pelas ruas armando mutirões de limpeza, criou hortas comunitárias e sensibilizou o povo a agir no seu espaço. Para a agente de saúde o essencial no momento é investir no lazer. Por exemplo, a criação de um palco alternativo para a organização de eventos, onde os jovens possam criar espetáculos musicais e teatrais, e largar a criminalidade.

Com as inúmeras ações de cunho social, padre Carlos conquistou parcerias e uma delas é com a Escola Municipal Profª Rosa Maria Berezoski Demarch. Juntos lançaram o projeto “Lixo é luxo”, responsável pela conquista do Prêmio Embraco de Ecologia. Este projeto teve início entre as crianças da catequese, em que cada uma ganhava um saco para o recolhimento do lixo de suas casas, após as crianças da escola começaram a fazer parte do trabalho e hoje conta com a colaboração de toda a população do Paraíso. A renda do lixo reciclável cobre os gastos com as hortas comunitárias, serve de ajuda aos mais necessitados, entre outras eventualidades.

O presidente da associação de moradores, Francisco Paulo Rodrigues, acredita num futuro mais próspero. Diante da união do poder político, religioso e comunitário, grandes problemas poderão ser solucionados, como dar ao povo a oportunidade de usufruir novas formas de conhecimento, dignidade e saúde para continuar no caminho do desenvolvimento social.


 

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