Além da ausência da menstruação ocorre também a parada do funcionamento dos ovários, onde são produzidos os hormônios femininos, como o estrógeno. Hormônio básico da mulher, ele começa a ser produzido na adolescência com o aparecimento dos sinais sexuais secundários, e vai até a menopausa.
Com a falta do estrógeno, 75 a 80% das mulheres sentem ondas de calor ou fogachos (acontece um a cada 30 ou 40 minutos com freqüência de 8 a 15 vezes por dia). E mais, a pele perde o brilho e a gordura começa a se acumular, concentrando-se na barriga. O índice de ataques cardíacos e doenças cardiovasculares aumentam porque o equilíbrio entre as gorduras no sangue, o colesterol e o hdl-colesterol (colesterol ruim como é chamado) é afetado.
O dilema da falta de apetite sexual pode ser explicado pela secura vaginal, que transforma a relação em algo desagradável e doloroso. A vagina é o órgão mais sensível aos estrógenos, com a falta do mesmo, reduz seu diâmetro, rompendo-se e rasgando-se com facilidade provocando dispareunia (dificuldade sentida nas relações sexuais).
Nem todas as mulheres passam pelo final do ciclo menstrual com naturalidade igual à de Carmen. Há aquelas que sofrem, como Olga Choma Negherbon, 50 anos. Desde os 40 anos ela trata-se com hormônios artificiais e, em decorrência disso, está com vários nódulos nos seios. A ginecologista afirma que não há provas de que os hormônios gerem o câncer e sim que eles podem acelerar um processo incubado.
Há muito a pesquisar e divulgar às mulheres de hoje. Muitas delas entram nesse processo sem saber ao certo o que significa. O pensamento sedimentado de perda da feminilidade é o mais comum, elas esquecem de preparar-se para esse dia, inevitável. No passado as mulheres estavam em suas casas, cuidando dos filhos, aceitando pacificamente os transtornos decorrentes da menopausa. Atualmente a vida da mulher mudou radicalmente, ela é profissional, mãe e dona de casa, tem de lidar com tudo isso e ainda saber encarar a nova fase que chega.
De qualquer maneira, não dá para esquecer que somos o que comemos. “O regime alimentar e o exercício físico podem contribuir para a diminuição dos sintomas pré-menopáusicos, principalmente a osteoporose”, garante a médica. O consumo de cálcio recomendado para quem tem mais de 45 anos é de 1500 miligramas diários, equivalente a um litro de leite. Como ninguém toma tanto leite assim pode ser substituído por outros alimentos como peixes, sardinhas, amêndoas, avelãs e frutos do mar, ressalta.
Se a menopausa é um fenômeno natural na vida da mulher qual a razão dos médicos proporem um tratamento? A ginecologista explica que o tratamento varia de mulher para mulher. “Os casos são individuais, dependendo dos sintomas sugerimos o tratamento com hormônios”. O hormônio natural chamado fitohormônio é considerado para alguns profissionais da área como “água com açúcar” ou um suplemento alimentar. O hormônio chamado artificial é o único que, comprovadamente, repõe o estrogênio. Há diversos tipos dele: adesivo – apropriado para fumantes, diabéticos e hipertensos; comprimidos – para quem tem colesterol alto; implante de estrogênio – indicado para quem não tem mais útero.
Recentemente, o número de pacientes que aceitam fazer a reposição hormonal caiu bastante desde que o tratamento passou a ser associado, pela grande imprensa, ao aparecimento de alguns tipos de câncer. Ou seja, ele aceleraria um processo incubado. Antes, cerca de 80% das mulheres se tratavam com o hormônio. Hoje, apenas 50% aceitam o tratamento.
Sintomas associados à menopausa*
Ansiedade, mudanças na pele e cabelo, depressão, dificuldade para dormir, vagina ressecada, fadiga, dores de cabeça, fogachos e suores noturnos, menstruações irregulares, irritabilidade, dores articulares e musculares, perda de interesse no sexo, dor na relação sexual, palpitações, dificuldade de concentração, prejuízo de memória, problemas urinários.
* Raramente a mulher é acometida de todos esses sintomas juntos.