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Matéria 8023, publicada em 24/03/2009.


Coreografia como comunicação

Carolinne Sagaz


“Perdão gente, estou um pouquinho nervosa”, disse a acadêmica de Publicidade e Propaganda Vanessa Becker durante a defesa de sua monografia na tarde de segunda-feira (23). O nervosismo, que quase a impediu de responder as arguições da banca, não prejudicou sua nota: “A (re)criação do discurso na dança contemporânea” foi avaliado com 8,5. As examinadoras, Márcia Amaral e Tais Dassoler, fizeram elogios ao resultado final da pesquisa, orientada por Gleber Pieniz, apesar de a formanda sentir que não atingiu plenamente o objetivo proposto.

Inspirada por sua paixão pela dança, Vanessa mergulhou na tentativa de entender como e quem constrói o discurso das coreografias através do espetáculo “Auto-retrato”, de Erika Rosendo. A acadêmica propôs, em forma de diário, entrelaçar o solo da bailarina do Teatro Bolshoi com a teoria de três pensadores: Barthes, Deleuze e Foucault. Pensar o “corpo como sendo um canal de comunicação”, foi o ponto de partida para a análise dos passos de Erika que, segundo Vanessa, descrevem a personalidade da bailarina.

A banca avaliadora ressaltou a falta de profundidade nas teorias, mas considerou o fato compreensível, já que Vanessa terminou a pesquisa em apensa seis meses. Para Márcia, “Auto-retrato” é “um jogo de sombras” que lembra o Mito da Caverna, o que, entre outros detalhes que passaram desapercebidos, não foi explorado. Mesmo assim, as examinadoras consideraram o trabalho de grande relevância no meio acadêmico e recomendaram a publicação. Tais parabenizou a aluna pelo trabalho “lírico”, enquanto Márcia viu na complexidade das teorias estudadas e na originalidade do tema os pontos fortes da monografia.

“Teve uma hora que quase fiquei louca”, contou Vanessa enquanto esperava Marcia, Tais e Gleber decidirem sua nota, referindo-se ao processo de produção da monografia. Ela saiu do emprego para se dedicar inteiramente à pesquisa e ao projeto experimental. Segundo Gleber, a acadêmica não deixava o estresse transparecer durante a orientação, mas, ao final do processo, o trabalho deu um salto qualitativo e quantitativo. O orientador acredita que a falta de tempo foi o principal motivo da insegurança da acadêmica, que esperava obter nota 7, e fator condicionante para ser produzido um trabalho “enxuto”. “O horizonte sempre estava além das possibilidades dela”, comentou Gleber, contando que preferia continuar a orientação por mais alguns meses. Porém, a acadêmica optou pela formatura na metade de 2009. Vanessa, que estudava dança clássica, pretende continuar a pesquisa depois de concluir o ensino superior. Para ela, as arguições da banca, principalmente as de Márcia, foram muito relevantes para o aprofundamento que pretende fazer.

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