“Perdão gente, estou um pouquinho nervosa”, disse a acadêmica de Publicidade
e Propaganda Vanessa Becker durante a defesa de sua monografia na tarde de
segunda-feira (23). O nervosismo, que quase a impediu de responder as arguições
da banca, não prejudicou sua nota: “A (re)criação do discurso na dança
contemporânea” foi avaliado com 8,5. As examinadoras, Márcia Amaral e Tais
Dassoler, fizeram elogios ao resultado final da pesquisa, orientada por Gleber
Pieniz, apesar de a formanda sentir que não atingiu plenamente o objetivo
proposto.
Inspirada por sua paixão pela dança, Vanessa mergulhou na
tentativa de entender como e quem constrói o discurso das coreografias através
do espetáculo “Auto-retrato”, de Erika Rosendo. A acadêmica propôs, em forma de
diário, entrelaçar o solo da bailarina do Teatro Bolshoi com a teoria de três
pensadores: Barthes, Deleuze e Foucault. Pensar o “corpo como sendo um canal de
comunicação”, foi o ponto de partida para a análise dos passos de Erika que,
segundo Vanessa, descrevem a personalidade da bailarina.
A banca
avaliadora ressaltou a falta de profundidade nas teorias, mas considerou o fato
compreensível, já que Vanessa terminou a pesquisa em apensa seis meses. Para
Márcia, “Auto-retrato” é “um jogo de sombras” que lembra o Mito da Caverna, o
que, entre outros detalhes que passaram desapercebidos, não foi explorado. Mesmo
assim, as examinadoras consideraram o trabalho de grande relevância no meio
acadêmico e recomendaram a publicação. Tais parabenizou a aluna pelo trabalho
“lírico”, enquanto Márcia viu na complexidade das teorias estudadas e na originalidade do
tema os pontos fortes da monografia.
“Teve uma hora que quase fiquei
louca”, contou Vanessa enquanto esperava Marcia, Tais e Gleber
decidirem sua nota, referindo-se ao processo de produção da monografia. Ela saiu
do emprego para se dedicar inteiramente à pesquisa e ao projeto experimental.
Segundo Gleber, a acadêmica não deixava o estresse transparecer durante a
orientação, mas, ao final do processo, o trabalho deu um salto qualitativo e
quantitativo. O orientador acredita que a falta de tempo foi o principal motivo
da insegurança da acadêmica, que esperava obter nota 7, e fator condicionante
para ser produzido um trabalho “enxuto”. “O horizonte sempre estava além das
possibilidades dela”, comentou Gleber, contando que preferia continuar a
orientação por mais alguns meses. Porém, a acadêmica optou pela formatura na
metade de 2009. Vanessa, que estudava dança clássica, pretende continuar a
pesquisa depois de concluir o ensino superior. Para ela, as arguições da
banca, principalmente as de Márcia, foram muito relevantes para o aprofundamento
que pretende fazer.