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Matéria 7776, publicada em 27/11/2008.


:Priscila Carvalho

Morador caminha com seu cão por rua submersa

Ruas do Jativoca continuam alagadas

Priscila Carvalho


Na tarde desta quinta-feira (27 de novembro), a Escola Básica Professor Antônio Alpaídes Cardoso dos Santos, no Nova Brasília, recebeu doações sob olhares atentos do coordenador Gilberto Ridmerski e voluntários. O material vinha do Expocentro Edmundo Doubrawa e era deslocado por caminhões, Kombis e carros do 62° Batalhão de Infantaria aos bairros Willy Tilp, Santa Mônica e Jativoca. Cerca de 40 pessoas ainda permanecem na escola, mas a previsão é de que a maioria retorne a suas casas até o final de semana.

Encostas dos morros nos bairros Santa Mônica e Jativoca ameaçam ceder na pista. No Jativoca, o nível da água já baixou bastante. Muitas casas apresentam marcas do alagamento e rachaduras. Funcionários da prefeitura colocam pedras nas ruas, para que automóveis não atolem na lama. E há locais onde os moradores só chegam de barco.

Maria Sueli Marinho, que mora com o filho na rua Raulino Adrião Gonçalves, conta que durante a enchente, só o teto da sua residência podia ser visto. “Minha casa ainda está debaixo d'água. A água chegou a 2,25 metros. Perdi tudo que eu tinha: eletrodomésticos, móveis, colchões”, diz. Maria está alojada na casa de uma vizinha, que por pouco não teve a moradia alagada. Depois da última enchente no bairro, a vizinha decidiu construir a casa acima do nível que água chegou: cerca de dois metros.

Uma família ainda está alojada no galpão da Igreja Nossa Senhora Aparecida, que no último final de semana chegou a receber mais de 100 pessoas. “Mas amanhã eles já estão voltando para casa”, conta Maria. A dona de casa, quase aos prantos, ainda desabafa: “Faz cinco dias que meus móveis estão debaixo d'água”. Próximo à Escola Júlio Machado de Souza, a água ainda toma conta das residências. Pedro Constante de Souza, aposentando, afirma que há um rio que passa 500 metros atrás da casa dele. A água da chuva chegou a invadir a moradia de Pedro, mas não causou danos materiais.

Paula Campos, catequista e coordenadora das doações, trabalha há 15 anos no Jativoca, mas reside no Nova Brasília. Ela lembra de domingo, quando chegou à comunidade e viu tudo alagado: “Foi difícil. Fiquei paralisada”. Amanhã o clube de mães do bairro, do qual Paula também participa, vai distribuir o material que está abrigado na igreja. Há de tudo: roupas, cestas básicas, muitos fardos de água mineral, colchonetes e produtos de limpeza. Paula afirma que a comunidade precisa é de mais colchões. “Tem gente dormindo no chão”, observa. Minutos depois, um ônibus chega com mais doações, e colchões são descarregados, para alegria de Paula e dos moradores do Jativoca. “Agora é só recomeçar”, lembra.

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